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Independência reassume jornalismo de verdade

Euclides Cardoso, 49 anos, 33 de rádio, passou o último fim-de-semana sem arredar os pés do centro de comunicações onde funcionam as rádios FM-105, AM-Independência e TV-Independência, no Pilarzinho. É que além da coordenação na cobertura das convenções dos partidos políticos, o estimado "kid" tinha outra missão importantíssima: dar os ajustes finais para a nova programação jornalística que a Rádio Independência colocou no ar desde ontem, - e com a qual pretende subir, em menos de 45 dias, do 5º para o 3º lugar - e, em escala de faturamento, empatar com as emissoras que detém os melhores rendimentos. xxx Experiência para desenvolver novos projetos não faltam a Euclides Cardoso, toda uma vida dedicada ao rádio e que sempre marcou pela competência, criatividade e dinamismo os prefixos em que atuou. Dentro da necessidade de fazer uma emissora basicamente informativa, a direção da AM-Independência entendeu que ao invés de ficar na disputa de estrelas individuais para os horários vespertinos - e sujeita sempre a perder os comunicadores de maior potencial, quando os mesmos atingem uma autonomia de vôo - é mais seguro investir em equipe, "numa filosofia de rádio". O exemplo da Jovem Pan, de São Paulo, está aí: é a 5ª emissora em audiência, mas a terceira em faturamento (e que faturamento!) no riquíssimo mercado publicitário paulista. Assim, com o slogan de "um avião de emissoras", a Independência tem agora, a partir das 7 horas, de segunda a sábado, um grande jornal - "Abrindo o Jogo", com dois locutores de comunicabilidade - Armando de Carvalho e James Christia, recheado de transmissões exclusivas, especializadas - como de Luis Nassif, de São Paulo, na área econômica; Arlindo Oliveira, de Londrina e até internacional, com emissões que Almir de Lara fará sempre que houver justificativa, de Madrid, onde reside (atualmente está em Curitiba, mas retorna a Espanha nesta semana). Localmente, uma equipe de três repórteres volantes, percorrendo a cidade, dará cobertura que se estenderá por 24 horas. Explica Euclides, consciente da responsabilidade da informação: - - "Vamos dar cobertura a tudo que acontece, investigando denúncias, mas sempre ouvindo as duas partes e, principalmente, checando os fatos. Não queremos sensacionalismo, mas sim a verdade." Para tanto, a partir das 8 horas da manhã, haverá o programa "Na Boca do Povo" - de características populares, mas sem exageros que caracterizam, alguns comunicadores do horário matinal. Além da presença constante de notícias importantes, interrompendo, sempre que necessário, qualquer dos programas normais - como os de William Barbosa, pela manhã ou "A simpatia está no ar", de Mário Celso - entre às 12h30/14h30, haverá blocos de informações de 30 em 30 minutos, "pela voz de locutores que identificarão a característica da informação, tornando-se uma marca registrada da emissora", diz Euclides. xxx O projeto de devolver a Rádio Independência sua característica de emissora jornalística é importante, pois quando a mesma foi instalada - há 25 anos, a partir de 7 de setembro de 1963, o seu primeirto diretor, Jair de Brito deu grande atenção ao aspecto jornalístico. Pertencente ao então influente (e bilionário) deputado federal Maia Neto, instalada no edifício Asa, começou operando em colaboração com a sucursal do Paraná do jornal "Última Hora" - que funcionando no térreo do mesmo edifício - reunia a melhor equipe de jornalistas da época. Grandes furos jornalísticos foram dados por uma equipe jovem, que vibrava com o ritmo que Jair - hoje residindo em São Paulo - sabia transmitir. Um de seus discípulos, o então adolescente Gilberto Fontoura, soube aprender a fórmula e, posteriormente, passaria por vários prefixos e na própria Independência a comandaria por muitos anos. Só que, devido a pasteurização das programações - tanto em FM como AM - o jornalismo foi sendo abandonado, os proprietários que se seguiram a Maia Neto, preocupados sempre em mesquinhas economias foram eliminando o jornalismo atuante (assim como acontece até hoje na maioria das emissoras) e reduzindo o mercado de trabalho - a tal ponto que muitos prefixos praticamente não dispõe de departamentos de jornalismo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
09/08/1988

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