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Aramis

Idéias atuais de uma mulher de sentimentos

Cristina - Dona Mariah, quais seus autores preferidos? D. Mariah - Atualmente não leio muito autores estrangeiros. Mas já li muito, sobretudo os franceses que lia no original. Anatole France tem a minha preferência apesar de gostar de Victor Hugo, Baudelaire, Balsac... Lia também muito os portugueses: Eça de Queiroz, Fernando Pessoa. Dos escritores da atualidade, naturalmente dois baianos já internacionais: Jorge Amado e João Ubaldo. Cristina - A Sra. citou somente os homens. E as escritoras mulheres? D. Mariah - Não gosto muito não... a não ser Clarice Lispector... Cristina - Qual o livro que mais a impressionou? D. Mariah - Houve uma época em que lia muito as bigrafias de personalidades americanas e inglesas. Mas o livro mais forte do mundo é a Bíblia. Porque com verdades e mentiras faz a gente meditar, ter medo e confiança na vida. Cristina - O que a Gal significou para a Sra. - como filha e cantora? D. Mariah - Gal como filha significa para mim todo o lado emotivo, a minha coragem, minha força. A integração. Agora, como cantora acho que ela é a melhor, porque a voz, ao ouví-la, desde pequena se tornou para mim tão nítida, tão clara, tão penetrante, tão linda... Cristina - E de sua experiência de vida, no alto de seus 84 anos de sabedoria, o que dá para concluir? D. Mariah - A vida é uma dádiva de Deus, e apesar de todos os pesares viver é muito bom. A gente não ser é horrível e ser é terrível. Tudo que recebi foi um presente da humanidade. Tudo que recebemos vem através de outras pessoas. Através de outras vidas recebemos estas dádivas todas. Ao mesmo tempo que criamos alguma coisa, nós somos parasitas. Cristina - O que a Sra. sente quando escreve? D. Mariah - Não sinto nada quando escrevo. Quando escrevo eu penso na criação. Criação de personagens - é uma coisa boa a gente ver nascer um personagem na cabeça, que se tornam verdadeiros pra gente. São obras humanas e não obras de arte. Cristina - A Sra. tem algum personagem preferido? D. Mariah - Neste "Vidas da Vida" são, de certa forma, todos os mais simples - os humilhados e os humildes, aos quais, aliás, dediquei este meu segundo livro. Cristina - E o seu primeiro livro? D. Mariah - Há 12 anos, pela primeira vez mostrei meus escritos ao Rubem Braga. Ele me incentivou a publicá-los e o meu primeiro livro, hoje esgotado, chama-se "A Casa do Morro". Cristina - Com a sua sabedoria qual o conselho que daria aos que estão começando? D. Mariah - Eu não dou conselhos porque cada um segue o seu destino. Só digo que aproveitem. Não olhem o lado amargo da vida.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
25/02/1989

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