A homenagem a Viaro, o melhor dos presidentes
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de janeiro de 1987
Emotivo como bom filho de pais italianos, o advogado Constantino Viaro quase chegou às lágrimas no quente entardecer de terça-feira, 6 de janeiro - 105º aniversário do Clube Curitibano. Como ápice da série de homenagens que vem recebendo pela sua esplêndida gestão - que se encerra nesta sexta-feira, 9, com a transmissão da presidência a Fabiano Campello - Constantino foi surpreendido com a inauguração de uma placa de bronze com uma simpática mas tocante inscrição: "Viaro, você foi um presidente digno das melhores tradições do Clube Curitibano."
O mais emocionante: a homenagem partiu dos chamados grupos da Sauna e da Toca, justamente a ala mais tradicionalmente conservadora e oposicionista. Anteriormente, o mesmo grupo já havia insistido com Constantino para que aceitasse a tranqüila reeleição, do que abriu mão por achar que já havia dado sua contribuição ao centenário clube.
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A placa foi colocada numa parede lateral do Clube, justamente ao lado de um novo espaço que a imaginação criadora de Constantino Viaro reaproveitou de forma prática. Resgatando uma idéia que o projeto original dos arquitetos Forte Neto/Luís Gandolfi haviam colocado no papel mas que não funcionou, na época, na prática, o teto dos espaços ocupados pelo auditório e sauna foi substituído por uma grande laje impermeabilizada - sobre a qual hoje há jardins e espaço para um delicioso bar com frente para as quadras de tênis. Quando da construção da sede do Curitibano, a tentativa de ajustar uma laje no local foi inviabilizada devido à falta de condições técnicas para sua impermeabilização. Hoje, com melhores materiais foi possível completar o projeto - com o trabalho do arquiteto Ronaldo Strugo Damienlli, 38 anos, associado e campeão de tênis. Entre canteiros que ficarão verdejantes, agradáveis móveis de jardins abrem aos associados um novo espaço de lazer.
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Poucos, muito poucos dirigentes clubísticos, chegam ao fim de um mandato cercados de tanta unanimidade como Constantino Viaro. Diretor cultural na administração anterior (quando o médico Rubem Pinho presidiu o Clube) Viaro foi eleito, em chapa única, há três anos. Formando uma boa equipe e levando a experiência de administrador dos mais capazes - o que demonstrou na direção administrativa da Prefeitura de Curitiba, Constantino Viaro realizou inúmeras obras da maior importância, intensificou as promoções sociais e, especialmente, recuperou para o Curitibano um pouco de sua tradição cultural - clube que foi durante pelo menos cinco décadas, um núcleo de resistência artística na provinciana Capital paranaense.
Entre tantas realizações, basta lembrar três iniciativas que mostram o quanto uma pessoa sensível, competente e principalmente bem relacionada no meio artístico pode fazer para uma instituição. Em primeiro lugar, a substituição da kitsch parede que, no hall de entrada, cercava os banheiros, por um belíssimo painel de Poty Lazarotto. A custo irrisório, o Curitibano ganhou uma obra monumental de nosso mais importante artista vivo, registrando em cimento as imagens que contam a própria história do Clube - seu passado, suas glórias e tradições.
Duas exposições de gabarito internacional, trazendo originais de artistas até então nunca vistos em Curitiba: as obras de Cândido Portinari, cedidas pelo Museu de Arte de São Paulo e uma coleção de óleos de Djanira. Apenas com o apoio do Bamerindus, sem qualquer outro patrocínio, o Clube Curitibano promoveu estas duas mostras que foram mais importantes do que as cinzentas (e discutíveis artisticamente) exposições oficiais no MAC e outros espaços oficiais, na calamitosa administração José Richa.
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Seria longo e exaustivo um relatório do que Viaro e sua equipe realizaram em sua administração. Os abraços que vem recebendo e entusiásticas declarações que chegam até a constrangê-lo, em sua modéstia, confirmam, entretanto, a felicidade que foi o Clube ter tido sua colaboração nestes três anos. E aumenta a responsabilidade de seu sucessor - Fabiano Campello (que tem como vice Ricardo de Quadros Cravo, já cogitado para a presidência em 1989) em manterem o mesmo nível de realizações e fazerem com que o Curitibano não perca este embalo de unir a cultura ao social e ao esportivo - como deve acontecer numa sociedade desta dimensão.
LEGENDA FOTO - Viaro: homenagem merecida
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