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Aramis

Guimorvan, cada vez mais alto

A edição do "Music Handbook'76", da revista "Down Beat" - adjetivada de "The Definitive Reference Book", que começa agora a circular, faz um interessante levantamento dos vencedores em 40 anos do "Readers Poll Winners" (1936-1975), ou seja, os instrumentistas que durante todo este período tem sido os favoritos da mais respeitada revista de jazz existente no mundo. xxx A análise dos diferentes quadros mostra as presenças cíclicas de certos instrumentistas, que após liderarem por anos as suas respectivas categorias são, aparentemente, esquecidos pelo público, sempre sequioso de novidades. Embora, a partir de 1962, alguns brasileiros tenham sido mencionados nas relações, apenas dois conseguiram até hoje a glória de liderarem suas respectivas categorias. Mais exatamente um casal, ele bastante ligado ao Paraná: Airto Guimorvan Moreira. xxx [Catarinense] de Itaipolis, 36 anos (a serem completados no próximo dia 5 de agosto), Guimorvan teve uma formação paranaense: passou a infância em Guarapuava, para onde se transferiram seus pais e ainda adolescente veio para Curitiba, onde participava do Clube Mirim M-5, que Aluísio Finzeto e Abilio Ribeiro apresentavam na Rádio Guairacá, então a vibrante "Voz nativa da Terra dos Pinheirais" (hoje Iguaçu). Junto com outro garoto-cantor daquele programa de auditório, Braulio Prado (hoje da assessoria de relações públicas da Telepar), Guimorvan tornou-se músico profissional, atuando como baterista em grupos da então movimentada noite curitibana (Marrocos, King's Club, Luigi's etc.) e da "big band" da Osval Siqueira. Mas é claro que um músico de sua dimensão não ficaria muito por aqui e, já em 63, estava em São Paulo, participando de uma das fases de maior voltagem da MPB. (Sambalanço Trio, Quarteto Novo, festivais). E, há 11 anos, Guimorvan partia, sem dólares mas com documentos, para os EUA, onde após duros tempos viria a se firmar como o percussionista brasileiro de maior prestígio, gravando com Miles Davis, Pul Desmond e Weather Reporter, até formar o seu próprio grupo. xxx A partir de 1971, seu nome começou a aparecer nas publicações especializadas e, há 2 anos atrás, quando os editores da revista "Down Beat" criaram um novo item - percussion - no anual "Jazz Poll", não deu outra coisa: Moreira na cabeça em 74, 75 e já cotado para 76. Sua esposa, a vocalista Flora Purim, ex-mulher do baterista Dom Um, embora com problemas (prisão devido a tóxicos nos últimos 2 anos), também desbancou Roberta Flack, que, por 3 anos era a "cantora de jazz do ano" e seu nome passou a figurar na relação. Para ter uma idéia da importância desta indicação, basta dizer que de 1937 (primeiro ano da promoção) a 19970, Ella Fitzgerald manteve a primeira posição por 21 anos. E Flora Purin (de quem a RCA Victor está lançando no Brasil seu novo lp, "Open Your Eyes You Can Fly") não pretende deixar cair a peteca. xxx Sexta-feira à noite, os rapazes do Medida Certa (José Antonio da Silva, Carlos Roberto Fassin e Carlos Coelho) - que cantam música comercial mas dedicam-se a um sério trabalho verde-amarelo de estudar o que há de melhor no folclore e rural brasileiro - ouviram alguns conselhos do professor Bráulio Nascimento, presidente da Campanha de Defesa do Folclore. Braulio ouviu as músicas do grupo e os estimulou em seu trabalho de partirem das raízes populares.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
04/07/1976

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