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Aramis

As guaranias de Gregório

Espanhol de nascimento (Bilbao, 1911), muitos anos de carreira em Buenos Aires (1938-1955) e sucesso no Brasil há 25 anos, Gregório Barrios está sabendo utilizar o modismo da Nostalgia para "vender o seu peixe", qual seja o bolero, do qual sempre foi um dos grandes intérpretes - com um público fiel, principalmente mulheres que tiveram seus romances dos anos cinqüenta embalados ao som de músicas como "Una Mujer", "Sensacion", "Dos Almas", "Inultimente", "Frio En El Alma", "Final" e "Palabras de Mujer". Aos 64 anos, muito bem conservado e cantando ainda com firmeza e harmonia, Gregório Barrios agrada uma ampla faixa de público. Tanta é que tem feito temporadas de sucesso em restaurantes, boates e clubes, como ainda ocorreu há alguns meses, quando Osmar Sokoloski, avêsso a vocalistas masculinos para a sua casa (restaurante Mouraria, Rua Mateus Leme) obteve boa [freqüência] durante os quinze dias em que Gregório Barrios ali se apresentou. Depois de uma longa série de lps na Odeon ("Boleros Inesquecíveis", "Interpretando...", "Ouça", "Vereda Tropical", "Sueño Tropical" e "Verde Luna"), Gregório passou para a Continental, que na sua fase atual o está prestigiando bastante, Tanto é que em menos de dois anos já fez cinco novos elepês, que devem estar vendendo o suficiente. Depois de gravar, pela primeira vez, uma seleção de tangos ("Mi Buenos Aires Querido", setembro/74), Gregório faz agora um elepê de guaranias ("Recuerdos de Ypacaraí", 1-01-404-096, janeiro/75), com à participação especial do harpista Luís Bordon. Para os fãs da música paraguaia, este é um disco indispensável. Para quem aprecia Gregório Barrios como intérprete de boleros românticos, talvez haja uma decepção. De qualquer forma, um disco de vendagem segura e que no faz pensar qual será a próxima experiência de Gregório, nesta fase de mudança de gênero musical. Faixas: "India", "Anahi", "Que Será De Ti", "Noches Del Paraguay", "Muy Cerca de Ti", "Oracion A Mi Amada", "Recuerdos de Ypacaraí", "Quisiera Ser", "Mis Noches Sin Ti", "Saudade" (composição de Mario Palmerio, ex-embaixador do Brasil em Portugal, autor de "Vila dos Confins" e "Chapadão do Bugre", hoje na Universidade de Uberaba, MG), "Lejania" e "Mi Dicha Lejana". xxx Existem certos cantores que sem estarem na máquina publicitária que fabrica ídolos populares, conseguem vender milhares de cópias de seus discos, de fácil apelo comercial às faixas "b" e "c", que, paradoxalmente às dificuldades financeiras que enfrentam, conseguem, entretanto sempre reservar "algum" para comprar os discos de seus artistas favoritos. Ao lado dos conhecidos nomes de Altemar Dutra, Agnaldo Thimóteo e Odair José, há outros na mesma faixa de aceitação. Um deles é José Augusto, que faz uma média de dois elepês por ano na Odeon. O segundo disco de 74 de Zé Augusto foi "Palavras, Palavras..." (SMOFB 3850), onde ao lado de quatro composições próprias ("Procura", "O Tempo Nos Ensina", "Você Não Sabe o Que é Amar" e "Desejo"), incluiu versões ("Ritmo da Chuva", de John Gummoe), músicas de Elizabeth ("Hei Você), e de outros jovens (Mercier, Paulo Debétio, Claudio Celli, Nenéo, Donizette, Jean Pierre, Debétio e outros), além de uma tentativa de melhorar o seu repertório: o belo samba-canção "Castigo" da inesquecível Dolores Duran (1930-1959). O que não deixa de mostrar que nem tudo está perdido em sua carreira. Talvez até melhore um dia!
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
10
28/02/1975

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