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Guaíra perde bailarinas na guerra das sapatilhas

O Ballet Guaira de perder sua primeira bailarina, Christina Kmmulera, 18 anos de balé, desde 1979 no grupo, demitiui-se na semana passada e foi para São Paulo, onde residem seus pais. Foi a nona profisional a se incompatibilizar com o maitrê Carlos Triencheiras de deixar a companhia oficial de danças do governo do Estado, que, se continuar no clima de agrassividade que ali existe, corre o risco de perder o prestigio obtido nos últimos anos. Se de um lado deve-se a Triencheiras, ex-maitrê e coreográfo na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, a consolidação e o sucesso que o Ballet Guaira obteve nestes últimos anos, também o clima que o responsável pelo conjunto impôs vem sendo dos mais prejudiciais à sensibilidade dos profissionais que com ele trabalham. Por isto, ao contrário dos oitos bailarinos e bailarinas que anteriormente deixaram o conjunto, Christina decidiu colocar a boca no trombone, no sentido de denunciar o clima de tensão e mesmo falta de urbanidade que existe nos bastidores do Guaira. xxx Ninguém nega a Triencheiras méritos profissionais. E por certo isto deve ter pesado junto à diretoria da Fundação Teatro Guaira, que não só o manteve no cargo ele foi contratado e, 1979 como tem prestigiado. Só que Carlos Triencheras, pelo seu temperamento agressivo no trato com os bailarinos(as) tem, indiretamente, forçado a demissão de ótimos profissionais, como acontece agora com Christina Kammulera. Primeira bailarina do Guaira tendo Francisco Duarte como partner - Christina passou a ser preterida profissionalmente nos últimos mesese quando pediu uma explicação a Triencheiras teve uma resposta agressiva e ofensiva. Resultado: no mesmo dia encaminhandou ao diretor administrativo da FTG, advogado Leonel Amaral, seu pedido de demissão em caráter irrevogável. A diretoria, consiente do talento da bailarina, tentou ainda uma conciliação, mas pela intransigência de Triencheiras, não restou a Christina outro caminho do que deixar o Ballet Guaira, cujas montagens nestes últimos cinco anos contaram com o seu talento. xxx Se Christina fosse a primeira bailarina a abandonar o conjunto de danças do Guaíra, seria normal. Mas mesmo sem a mesma coragem de publicamente revelar as razões pelas quais vem se afastando outro excelentes profissionais tem deixado o Guaira, estes últimos anos. Ecluindo a ex-primeira bailarina, Bettina Dalcanalle - há mais de dois anos no Ballet do Municipal as perdas do ballet Guaira têm ocorrido por atritos, nestes últimos meses. No ano passado, durante a temporda de " O Grande Circo Mistico", no Palace, em São Paulo, numa única tarde, nada menos que cinco profissionais abandonaram a companhia, após uma violenta discussão com Triencheiras. Hoje, dos cincos, quatro estão contratados por campanhias internacionais, o que prova de que não foi a questão de falta de competência profissional que influiu: Regina Kotaka ( hoje em Portugal ); Marcelo Santos ( dançando atualmente com um grupo da alemanha ), Liegi Fin e Sergio Mello ( também na alemanha ), Somente um quinto bailarino que se afastou naquela ocasião não está no Exterior. Anteriormente, outra talentosa bailarina, Daniela de Rossi, também deixou o Ballet Guaira e hoje é contratada do Balé do Teatro Municipal, no Rio de Janeiro. Outros bailarinos(as) foram demitidos por contestaram posições de Triencheiras.Assim foi com Alberto Tavares, hoje solista da Companhia Zandra Rodrigues, em Caracas. Ou Adilson Costa, que há pouco foi partner da internacional Ana Maria Botafogo, em apresentação no Municipal do Rio de Janeiro. Ana Maria, anos, atrás, chegou a morar em Curitiba, atuando como primeira bailarina do Guaira nas primeiras grandes produções, levadas a outras cidades. xxx O Ballet Guaira antigo Corpo de FTG teve vários maitrês em quase 20 anos de existência. Cada um à sua maneira, deu alguma contribuição, mas foi na administração anterior, o governo Ney Braga, que se projetou nacionalmente, especialmente com as montagens de " Jogo de Dança" ( música de Edu/ChicoBuarque/Naum Alves dos Santos, a partir do poema de Jorge de Lima ). Para 1984, Oracy Gema, diretor artistico de FTG encomendou aos compositores Paulo Vitola e Marinho Galera e a pianista Cristina Beduschi, a criação de um balé sobre uma mistica personagem curitibana que o fascina desde a infância: Maria Bueno. Alias, Gemba já escreveu, há 10 anos, uma peça sobre Maria Bueno ( anteriormente, o jornalista Walmor Marcelino havia também construido um texto sobre a mesma personagem ), que montou através do grupo Momento. xxx Por certo, Carlos Triencheiras deve ter argumentos tecnicamentes que justificam seus atritos, com Christina Kammulera. O que é dificil explicar e isto Christina garante é que um coreógrafo internacional, não tenha habilidade para manter os melhores profissionais do grupo que dirige.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
25/05/1984

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