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Aramis

As grandes sinfônicas com três belos álbuns

Sem dúvida, a vinda da Filarmônica de Viena, regida pelo internacionalmente consagrado Lorin Maazel, ao Rio e São Paulo, no ano passado (Curitiba, naturalmente ficou de fora) deve ter contribuído para que aumentasse ainda mais o interesse pelas gravações sinfônicas regidas por Maazel, 56 anos, regente e violinista norte-americano, francês de nascimento, há 5 anos na Áustria. Entretanto, independente desse fato, o público que aprecia as grandes orquestras tem crescido cada vez mais - num saudável estímulo às gravadoras a ampliarem seus catálogos eruditos. Mais três ótimos álbuns de música orquestral acabam de chegar às lojas, dois dos quais com regência de Maazel. Trabalhando com as sinfônicas de Viena e Cleveland, Maazel dá duas mostras distintas do melhor da música clássica. Com a Orquestra de Cleveland, (da qual foi maestro titular, entre 1972/1980), temos o vigor e a virtuosidade dos poemas sinfônicos Strauss (1864-1949). Foi entre os 23/34 anos que o berlinense Richard Strauss compôs os seus sete poemas sinfônicos - três dos quais Maazel gravou em Cleveland com a melhor tecnologia disponível da CBS/Sony em processamento digital: "Don Juan", "As Alegres Travessuras de Till Eulenspiegel" e "Morte e Transfiguração". Três majestosas obras "que têm fundamento poético e filosófico exprimível em grau máximo pela música envolvente e verdadeiramente mágica de Richard Strauss", como diz o musicólogo Alan Foster Friedman. Outro álbum da mesma série (CBS Masterworks, fevereiro/86) traz a Filarmônica de Viena, com duas Sinfonias do mais amplo apelo popular. A nº 5 de Beethoven (em dó menor, Opus 67) passou à História como a Sinfonia do Destino, cujas notas iniciais foram interpretadas como a imposição do próprio destino batendo à porta do compositor para que ele enfrentasse as adversidades da vida e assumisse perante o mundo e perante si mesmo a transcendente missão que a música lhe reservava. A outra obra, igualmente imortal, é a Sinfonia em si bemol maior, a Oitava de Franz Schubert, densa de emoção e até mesmo trágica, mas suavizada pelo temperamento mais romântico daquele que foi um sonhador sofrido e sem revolta. A Sinfonia nº 8 de Schubert tem apenas dois movimentos (quatro era o normal na época) e a não conclusão que lhe deu o batismo ("inacabada") é um dos mistérios históricos da música. Essas duas obras célebres estão reunidas no álbum com a Filarmônica de Viena, regida por Maazel. A mesma Filarmônica de Viena, mas agora sob regência de outro maestro notável, Claudio Abbado, 53 anos, regente italiano, pode ser apreciada em outra esplêndida gravação: as Danças Húngaras de Johannes Brahms (1833-1897), numa gravação feita há 3 anos. As Danças Húngaras foram publicadas por Brahms em duas séries: as dez primeiras em 1869 e as onze seguintes, onze anos depois - como peças para piano a quatro mãos. Mas foi a versão para orquestra que realmente lhes granjeou celebridade, incluindo-as entre as suas obras mais populares. Assim, nessa versão orquestral com a Filarmônica de Viena, que estas 21 peças curtas - que tiveram orquestrações originais do próprio Brahms e de outros grandes mestres (Albert Parlow, Antonin Dvorak, Han Gál) revelam mais plenamente o seu brilho, não só pela maior variedade de cores que um conjunto instrumental olferece, como também por causa de efeitos específicos que, no piano, são inevitavelmente menos realçados. Com esses três álbuns - regidos por maestros da categoria de Maazel e Abbado - enriquece-se a discografia clássica. Os dois primeiros álbuns em edições da CBS, e o das "Danças Húngaras", da Deutsche Gramophon/ Polygram - as duas marcas que mantêm os melhores catálogos de música clássica em nosso país.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
23
16/02/1986

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