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Aramis

Gramado-86 - Um festival sem escândalos mas com muita gente bonita

Apesar da presença de algumas das mulheres mais belas e desejáveis do cinema e televisão nacional, de superstars da televisão, de centenas de artistas menores e, naturalmente, muitos bicões, o Festival do Cinema Brasileiro de Gramado, realizado de 7 a 12 de abril, não teve, nesta sua 14ª edição, nenhum escândalo maior. É claro que Ney Latorraca, que fez questão de não fazer a barba e trajar-se com tanta displicência que o cronista social Roberto Gigante lhe disparou algumas farpas, ficou um pouco preocupado com as fofocas feitas em torno dos demorados beijos que trocou com a "namorada do Rei", Miriam Rios, uma das primeiras mulheres bonitas a chegar a Gramado, já na terça-feira. E se Ney, simpaticíssimo, tranqüilo, ficou até o final da festa, Miriam acabou voltando ao Rio de Janeiro - para surpresa de muitos, já que Roberto Carlos foi no último fim de semana a Porto Alegre, levando seu supershow "Verde Amarelo" - e falava-se muito da possibilidade dele dar uma chegada a Gramado. Afinal, nunca um Festival reuniu tantas personalidades artísticas como este ano - e até Chico Buarque, que foi apenas em sua condição de marido da atriz Marieta Severo (afinal, premiada com dois Kikitos: melhor coadjuvante pelo curta "A Espera"; melhor atriz, por suas atuações em "Com Licença, Eu Vou à Luta", "O Homem da Capa Preta" e "Sonho Sem Fim"), acabou ficando toda a semana, comparecendo às lotadas sessões do cine Embaixador, não se recusando, inclusive, a subir no palco, na noite de encerramento, e anunciar, com bom humor, os vencedores nas categorias de ator coadjuvante (Emílio Di Biase, por "Filme Demência"; Flávio São Thiago por "Fulaninha"); ator - José Wilker ("O Homem da Capa Preta"), roteiro - Luís Faria ("Com Licença, Eu Vou à Luta") e direção (Carlos Reichenbach, por "Filme Demência"). Mas o que animou Chico a ficar em Gramado, sem dúvida - afora as mordomias e conforto do Hotel Serrano (apesar do barulho no apartamento vizinho, do compositor curitibano Heitor Valente) foram os jogos de futebol. No primeiro, Chico foi o artilheiro, responsável por dois dos três gols. Outros dois que jogaram bonito foram o ator Nuno Leal Maia e o compositor David Tygell, este, no final, premiado com o "Kikito" de melhor trilha sonora pela belíssima música que fez para "O Homem da Capa Preta", o bom filme de Sérgio Rezende sobre Tenório Cavalcanti, que baseou o roteiro no livro da pintora Maria do Carmo Fortes - uma quase curitibana (aqui mora desde 1959) - e que recebeu dupla consagração: melhor filme tanto pelo júri oficial como na votação do público. Organização exemplar - Na festa de encerramento do Festival, nos amplos salões do Gramado Tênis Clube, Enoir Zorzanello, vice-prefeito e, pela terceira vez, presidente da comissão organizadora, recebia muitos cumprimentos. Afinal, se já era um Festival marcante pela continuidade e seriedade artística, Gramado hoje é um acontecimento internacional, ou ao menos latino-americano. Amparado numa equipe de mais de 50 colaboradores dedicados, assessorado por críticos e animadores culturais gaúchos, Zorzanello tem sabido driblar as dificuldades, buscar fontes alternativas de financiamento e não deixar a peteca cair. Este ano o Festival custou mais de quatro milhões de cruzados e se alguns patrocinadores de anos anteriores se afastaram, houve, salutarmente, a participação de três fortíssimos empresários da cidade de Gramado para segurar as pontas: o deputado Horst Volk, presidente da Calçados Ortopé; os hoteleiros Celso Bertolucci e José Francisco Perini, comandantes dos hotéis Serrano e Serra Azul. A Embrafilme contribuiu com pouco mais de Cz$ 800 milhões, Assembléia Legislativa e o Governo do Rio Grande do Sul garantiram os Cz$ 90 milhões de premiação, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal também ajudaram e, assim, o Festival foi viabilizado - com um esquema perfeito, desde a parte competitiva até o lado social, com uma confraternização de artistas, jornalistas e convidados que, em si, já justifica a realização deste evento. Crescimento - o Festival cresceu tanto que o problema do espaço no cine Embaixador, tornou-se seríssimo. Milhares de porto-alegrenses sobem a Serra e lotam todos os hotéis de Gramado e Canela, alugam casas existentes nestas duas cidades turísticas e, mesmo não podendo assistir aos filmes em competição, ao menos se integram nas festas e nas recepções. Centenas de crianças e adolescentes fazem filas defronte os hotéis e ao cinema, caçando autógrafos e o comércio de Gramado tem um movimento de mais de mil por cento - tanto é que funcionou até no domingo pela manhã. Nos restaurantes não há espaço e o mais sofisticado deles - o Chez Pierre, com o melhor fondue do Sul ao som do jazz excelentemente bem selecionado - durante todas as noites do Festival funcionou até as 5 horas da manhã. Mas foi o "Bar das Estrelas", do Hotel Serrano, que desta vez teve o maior faturamento de sua cidade. Mesmo com preços elevados - Cz$ 170,00 a dose do Ballantine's, Cz$ 35,00 uma vodka nacional - permaneceu lotado dia e noite. A movimentação aumentou ainda mais depois que a bela e sensual atriz Regina Dourado, estrela-revelação de "Tigipió", passou a comandar um Karaokê, que revelou talentos canoros de muitos superstars do cinema e da televisão, entusiasmando especialmente a Ney Latorraca. No sábado, pela manhã, quando um grupo de starlets aproveitava o calor para nadar na piscina do Hotel, o ator Roberto Bonfim e a modelo Monique Evans do lado da poeta e atriz Bruna Lombardi, uma das presenças badalativas do Festival - acabaram sendo jogados n'água. O jornalista Tharlis Batista, da "Manchete", passava na hora e também foi atirado na piscina. Só que Tharlis ficou furioso: numa saraivada de palavrões, ameaçava Bonfim de agressão - enquanto o ator, na maior esportiva, dizia: - Vai, vai... vai... se secar, antes de ameaçar. Mulheres bonitas e insinuantes, atrizes famosas mas que, ao vivo, não são tão atraentes assim - como a inexpressiva Deborah Bloch (péssima em "Sonho Sem Fim") ou Fernandinha Torres (tímida, o tempo todo ao lado do marido Lui Farias, diretor de "Com Licença, Eu Vou à Luta"), deram naturalmente, um colorido ao Festival. Mas, o frio dos primeiros dias fez com que a piscina fosse pouco usada - e uma das poucas horas em que o movimento aumentou, foi quando a pedido de Claudinho Pereira, da TV Guaíba, Walter Hugo Khouri, dirigiu uma "seqüência aquática" com a modelo Monique Evans nadando de costas (Monique está sendo lançada como atriz em "Berenice, Berenice", o novo filme de Khouri). Só que Monique usou um discreto biquíni. Outra produção armada - esta pela sensual produtora de TV Rejane Schulmann, da Rede Manchete, gaúcha radicada no Rio, foi a que levou os cineastas udegrudi Júlio Bressane ("Brás Cubas") e Ivan Cardoso ("As Sete Vampiras"), ao cemitério de Gramado, para um "simbólico enterro do cinema nacional" - com latas de filmes (vazias, naturalmente) depositadas numa cova. Claro que o Festival teve seus namoros e love story. Alguns discretos, outros mais explícitos. Mas todos bem comportados, sem nenhum escândalo capaz de justificar chamada de capa na próxima edição da revista "Amiga". LEGENDA FOTO 1 - O cineasta David Quintanas e o prefeito Pedro Henrique Bertolucci, de Gramado, ao lado das esposas - na festa de abertura do Festival. LEGENDA FOTO 2 - Suzana Matos, atriz de "As Sete Vampiras": uma new face apetitosa que aproveitou as chances de aparecer em Gramado. LEGENDA FOTO 3 - Sem ter nenhuma fita em exibição (só estréia em "Berenice, Berenice", ainda em fase de montagem), Monique Evans brilhou nas festas. LEGENDA FOTO 4 - Neta de Vinícius de Moraes é o lançamento de David Neves em "Fulaninha". Discreta, foi a Gramado com seu namoradinho e pouco foi vista. LEGENDA FOTO 5 - Na hora do futebol, Chico e Nuno Leal Maia formaram uma dupla de atacantes feroz: 3x0 no primeiro jogo. LEGENDA FOTO 6 - No debate sobre a mulher e o cinema, Bruna Lombardi. LEGENDA FOTO 7 - Descontração na recepção de abertura do Festival de Gramado: o presidente da comissão organizadora, Enoir Zorzanello, segundo à esquerda, ao lado de artistas convidados.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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20/04/1986

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