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Aramis

A gincana dos 10 mil

Pelo menos durante 60 horas neste último fim de semana mais de 10 mil pessoas estiveram, direta ou indiretamente, ligadas à gincana promovida pelo Clube Curitibano, que contando com a participação de 13 equipes, movimentou os mais diversos recursos para solucionar os inúmeros itens das 32 provas nos 20 roteiros distribuídos a partir do meio-dia de sexta-feira. Das questões mais difíceis ou curiosas até uma verdadeira movimentação cênica - a chegada de Dom Pedro II e sua comitiva a Curitiba, apresentada na noite de domingo, no Largo da Ordem, fizeram com que, este ano, a promoção que o Curitibano Jr. vem realizando há quase 20 anos, tenha tido uma repercussão muito maior. A uma hora da madrugada já de segunda-feira, alguns dos dirigentes da equipe Pool - a vencedora da gincana, chegava no pizzaria Baviera, para , enfrentando alguns quilos de massa, recuperar as energias dispendidas para chegar ao bom resultado obtido. Independente do recurso que a equipe classificada em terceiro lugar - a << Excede >> - impetrou e que a comissão organizadora da promoção julgou na tarde de ontem, os quase 500 integrantes da Pool, comemoravam já o bicampeonato, sucedendo assim os << Les Paxás >>, que durante muito tempo venceram as gincanas que tradicionalmente são realizadas durante o << Festival de Maio >>. *** A relação do prêmio oferecido - Cr$ 130 mil - aos gastos que cada equipe teve, é impressionante: a gasolina nos centenas de veículos utilizados, telefonemas interestadual e internacional, despesas extras, fez com que cada equipe tivesse que formar um fundo, fosse através de patrocínio de firmas ou mecenas familiares, ou pela cobrança de uma taxa de até Cr$ 500,00, de cada participação. Das 13 equipes inscritas, apenas uma desistiu logo nas primeiras provas - a << Castel Franco >>, enquanto as demais - numa média de 300 a 400 integrantes cada - somaram um mínimo de 5 mil pessoas, incluindo familiares e amigos que se dispuseram a colaborar na solução das mais diferentes provas. Somando-se ao número de pessoas contatadas em busca de possíveis soluções, o fato é que a gincana transcendeu a área puramente social, para movimentar toda a cidade. Rubens Marchand, 52 anos, diretor social do Curitibano, ex-diretor do Departamento de Educação Física e Desportos da SEC e hoje diretor administrativo da Clinihauer, passou praticamente em tempo integral, dedicando-se à organização da gincana, por mais de um mês. Junto com apenas quatro outros diretores do Clube - Alberto Carazzai, Cláudio Kirila, Raul Maria Sobrinho e Júlio Cesar Macedo, e dois consultores que organizaram a bateria das provas culturais (um deles o ex-presidente do Curitibano, Mbá de Ferrante, há 24 anos diretor do Arquivo Público do Estado), Marchand era o único que sabia a solução das provas - ou tinha o seu conhecimento prévio. Houve preocupações em alternar as questões culturais - desde perguntas simples como quem foi Jane Seymour (uma das 6 esposas de Henrique VIII) até centenas de questões relacionadas a Camões e Dom Pedro II - com perguntas esportivas (por exemplo, qual o nome verdadeiro de << Sugar >> Ray Robinson, pugilista americano nascido em 1922), e a parte social. Uma das tarefas ontem, foi de cada equipe levassem alimentos, roupas etc. a entidade filantrópicas, paralelamente a coleta de donativos que formaram uma verdadeira montanha de doações, que nesta semana, a diretoria do CC encaminhará às mais necessitadas. Para outra das provas de domingo - a formação de um grupo musical, com profissionais associados do Curitibano - houve até quem levasse um piano, já que o item dizia que os músicos deveriam << levar os seus instrumentos >>. *** Mas foram algumas questões culturais que mais quebraram a cabeça das equipes. Por exemplo a definição exata do que é o Kremlim, levou a coordenação da equipe Pool, instalado na mansão de Vera miralha, no Jardim Los Angeles, a tentar até ligações com Moscou. Como o DDI não permitiu o contato devido ao fuso horário, após delicadas (e demoradas) conversações com diplomatas da Embaixada da URSS, em Brasília, conseguiram os dados necessários. Outra prova que levou a telefonemas internacionais, foi para localizar os nomes dos artistas de quatro palamas de mãos na galeria existente na, frente do Chinese Theatre, em Hollywood, Los Angeles. *** Para o grande encerramento - a encenação da chegada de Dom Pedro II a Curitiba, por coincidência a primeira prova dada na sexta-feira ao meio, as equipes mobilizaram figurinistas, cenógrafos e até atores e atrizes. O médico Nelson Gorschen, 30 anos, carioca, há 2 meses em Curitiba - e que se integrou na << Pool >> , devido à sua noiva, filha do engenheiro Maurício Schulmann, ser uma de suas dirigentes, passou várias horas ao telefone, falando com D. Pedro Orleans e Bragança, em Petrópolis, RJ, obtendo informações que contaram muitos pontos. A encenação da chegada de Dom Pedro II a Curitiba, pela << Pool >> - que também tinha entre seus integrantes, a filha do ex-ministro Karlos Rischbieter, Mônica, 19 anos - se constitui num espetáculo a parte, com Ricardo Almeida (filho do empreiteiro Cecílio Rego Almeida) como Dom Pedro II e a bela Maria Teresa Pietro nos trajes da imperatriz Tereza Cristina. Lamentavelmente, a encenação final, que foi um espetáculo cênico ao ar livre, não foi documentada em filmes ou fatos embora a Casa Romário Martins, tivesse se envolvido diretamente na sua promoção.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
27/05/1980

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