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O Paraná deve a um humilde músico de Guarapuava uma inesperada projeção internacional: hoje Airto Guimorvan Moreira é o instrumentista brasileiro de maior projeção no Ecterior com vários lps gravados (dois apenas editados aqui, pela Top Tap) e disputado para atuar no lado dos mais expressivos nomes do jazz contemporânea (Miles Davis, Weathe Reporter entre outros). E nas pegadas de Airto, seu companheiro de trabalho mais remunerado na madrugada curitibana do início dos anos 60, está o bom Juca (Jose Rodrigues 33 anos), que acaba de retornar do Japão onde passou 15 meses. Curitibano da Rua Jataí, no Pilarzinho, irmão do violinista e compositor Lápis e do pianista Lalo (até hoje atuando na vazia madrugada curitibana) Juca deixou Curitiba, pela primeira vez, há 3 anos: foi para Santos, e, logo depois, para a GB, Ali não se deu mal: fez algumas gravações com Chico (Fim de Noite) Feitosa e integrava a banda de Altamiro Carrilho, até que o empresário japones Yomoshiro Kugo o convidou para ir integrar um grupo que estava formando para viajar ao Japão. Juca não teve dúvidas: ao lado de Paulo Sá (órgão) Fiama, ou (contrabaixo). Jorge (tumbadoura) e do erroner Serginho e mais 3 dançarinas - as mulatas Tereza Maria é Gracia embarcou para a Terra do Sol Nascente. Com um salário de 400 dólares mensais, mais casa e comida, passou todo o tempo tocando na buate do Hotel Yakumagoku, na cidade de Yamachiro Onsen Sobre está experiência, diz com sinceridade: << Apesar do pagamento ser pequeno - a vida no Japão está cara - valeu a experiência. Tive oportunidade de conviver com muitos músicos de expressão e ampliar meus conhecimentos >>. Durante este período. Jucá chegou a participar de um programa na televisão de Osaka e acabou também entrando, como percussionista, no << Carnaval >> (festa folclórica de raízes milenares) em duas outras cidades - Kobe e Kasawa. Sem falar quase nada de inglês ao chegar no Japão, Juca, crioulo inteligente e de raciocínio rápido, conseguiu << aprender o básico >>. Hoje já não passa fome e sabe se defender com seu inglês de musico brasileiro. Tanto é que após rever a velha mãe e os irmãos e irmãs - as manas Midi e Didi tem ótimas vozes e cantam em corais da cidade - já está novamente na Guanabara, transando com o empresário do grupo Brasiliana, o seu ingresso neste conjunto de música e folclore que há mais uma década viaja por todo o mundo e que hoje tem sede em Hamburgo, na Alemanha Ocidental. A decisão de Jucá em deixar, em termos profissionais, o Brasil, tem razões solidas: << não se trata apenas de buscar dólares lá fora, mas sim de procurar aprimorar uma técnica que infelizmente, em nosso. País, não há quem ensine >>, diz referindo-se à falta de professores de percurssão. Apesar desta deficiência, os percusionistas brasileiros tem obto excelente aceitação no Exterior - em especial nos Estados Unidos. Desde o advento da Bossa Nova, que dezenas de bateristas tem se fixado nas grandes cidades norte-americanas, não apenas para gravação de musicas brasileiras (ou folcloricas) mas também integrando-se a esquemas comerciais, quando não jazzisticos. Que Jucá também faça sua América e dê certo. O bom crioulo merece
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
1
17/03/1974

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