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Aramis

Geléia Geral - Cazuza, Lulu, bandas etc.

Autor de duas das músicas mais executadas (e de boa qualidade) em 1988 - "Faz Parte do meu Show" e "Brazil" (ambas superpromovidas pela trilha da telenovela "Vale Tudo"), Cazuza ganhou já dois Discos de Ouro. O segundo por mais de 100 mil cópias vendidas em poucas semanas de seu "O Tempo não Pára" (Polygram/Philips), gravado ao vivo durante sua temporada no Canecão, RJ (14 a 16 de outubro). Com méritos (e defeitos) de uma gravação ao vivo, um trabalho que amplia "Ideologia" - seu disco (de estúdio) lançado no primeiro semestre, e com um repertório equilibrado - com composições como "Vida Louca Vida", "Boas Novas", "Só as Mães são Felizes", Exagerado" e, claro, "Faz Parte do meu Show", "Brasil" ficou de fora. Inteligente atitude dos produtores Ezequiel Neves e Nilo Romero: a gravação de Gal Costa é definitiva! xxx Aproximando-se saudavelmente da melhor MPB, Lulu Santos ("Amor à Arte", BMG/Barclay) mostra em seu novo lp que tem salvação. Embora ainda em alguns momentos de rock, mostra evolução - trabalhando com bons letristas (Ronaldo Bastos em "Um Certo Alguém"; Antônio Cícero em "O Último Romântico"), homenageando o velho Luiz Gonzaga numa vinheta ("Asa Branca") e regravando "Não Identificado", de Caetano Velloso. Duas citações aos Beatles - "You've Gotten to Hide your Love Away" e "Here Comes the Sun" (esta em versão), também beneficiam este elepê que traz o grupo Auxílio Luminoso, do qual fazem parte músicos como Marcelo Costa (bateria), Sacha Amback (teclados) e Décio Crispim (baixo). xxx Na linha de rock, vários discos, de bandas. Por exemplo a Terceiro Mundo ("Marley Vive", EMI/Odeon), vem com um repertório reggae, muito brilho - impulsionada pelo marketing que só na Bahia já garante absorção de dezenas destes grupos - os quais a Odeon e a Continental vêm prestigiando ao máximo. Já os Engenheiros do Havaí ("A Verdade a Ver Navios", BMG/Ariola) confirmam a comunicabilidade que os fez projetarem-se nestes últimos dois anos como uma das bandas mais fortes de Porto Alegre. Humbert Gessinger e Augusto Dicks aparecem como compositores da maioria das faixas, na linha unindo irreverência e alguns toques críticos - como em "Tribos & Tribunais" ou "A Verdade a Ver Navios". xxx Uma brincadeirinha que pode até dar certo no carnaval: a WEA colocou na praça um mix com "A Marcha do Demo" (Pepino Carnale) e "Pipi Popô", em produção de Antoine Mideni (o sobrenome já indica quem é o pai, ou seja, o poderoso André, presidente da WEA) com um bom marketing para ser caitituado. Mas quem é Pepino Carnale? Paulista do bairro do Braz, o mais novo dos sete irmãos, estudou artes gráficas em Santa Mônica, Califórnia, e também freqüentou a classe de música da California Arts Institut. Tocou com vários grupos vocais e de volta ao Brasil andou pela Bahia até que gravou estas duas marchinhas carnavalescas, definidas como "de liberdade e liberalidade". "Pipi Popô" é um troca troca semântico-simpático, na língua do "Pe", "uma releitura da journée das marchinhas dos anos 40/50", como diz o próprio Pepino, acrescentando: "Uma metáfora casta da sodomia infantil, um trem caipira ou fila indiana ou do Inamps", mas que propõe uma "dança toda nova": o "Encoxe". A outra faixa - "A Marcha do Demo" (ou "Cuidado com o Demo") é, em sua explicação, "um alerta em forma de repente com um refrão contagiante, uma letra ao mesmo tempo "naif" e "cult", ou seja, ingênua, primitiva e de culto". Para interpretar suas composições, Pepino escolheu o grupo "Vestidos de Espaços". E sua gozação vai também para explicar o nome do conjunto: "...veio da época em que me interessava pelos pré-socráticos e pelo helenismo em geral, sugerindo assim uma moda agnóstica" (sic).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
18
22/01/1989

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