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Aramis

Geléia Geral

Serge Clemens não é o primeiro caso de brasileiro que assumiu, artisticamente, uma identidade internacional. Há 10 anos aconteceu o mesmo com Morris "Feellings" Albert, hoje residindo em Los Angeles. Afinal, de brasileiro, Serge Clemens tem apenas a nacionalidade e o conhecimento da língua portuguesa. Conviveu - e convive - com os meios artísticos da Alemanha, da Inglaterra, da França, Itália e Estados Unidos. Aos 10 anos sua família mudou-se para a Alemanha onde fez o ginásio. Em 1974 radicou-se na Itália onde completou o segundo grau. Em 1978, já com 18 anos, cursou engenharia em Estrasburgo, França. No ano seguinte foi para o Texas onde se especializou em Engenharia Aeroespacial. Sua carreira artística iniciou-se em 1981 quando voltou a Heildelberg, Alemanha. Interessando-se por músicas estudou canto, teoria, harmonia, composição e arranjo. Chegou a montar um pequeno estúdio. Em 1982, em Londres, gravou seu primeiro lp ("Winds of Memory"), acumulando a produção, teclados e guitarras. Logo depois faria mais 3 "maxis" e cinco "singles", com a participação de gente boa como Robert (Led Zeppelin), Plant e David Charles, baterista de Jeff Beck. Este ano (fevereiro/abril), gravou seu primeiro elepê "Mirros", que sai no Brasil, em edição da Polygram. O moço é uma cuca: além de vocalista, tecladista, cantor e compositor, formado em engenharia, já estudou teatro, marketing e agora está voltando ao Brasil para promover seu disco. Um exemplo de disco-marketing, com sucessos dos mais diferentes estilos e fases. Uma verdadeira geléia geral para consumo: "Os Grandes Nomes /MPB Especial", que Nilton Travesso montou para a Sigla. A mistura coloca lado a lado Elis Regina ("Lapinha") com a Turma do Balão Mágico ("A Banda"), Simone ("Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores"), com o arqueológico "Comunicação", Fagner cantando Cartola ("As Rosas Não Falam") ao lado de Beth Carvalho ("Vai Passar") e Ney Matogrosso ("Disparada"). Realmente, um disco para mostrar como é diversificada nossa MPB. Bem mais agradável é o retorno de Bryan Ferry ("Boys And Girls", Polygram). É bom lembrar que no início dos anos 70, o rock mal se recupera da morte de três de seus principais ídolos (Joplin, Hendrix e Morrison), quando surgiu na Inglaterra o desconcertante e inventivo Roxy Music, que revelou o talento de Bryan Ferry (Newcastle, 1945). Filho de um mineiro apaixonado pela história da arte, Ferry foi responsável pela criatividade do Roxy Music, em seus lps barrocos e repletos de propostas lítero-teatrais. Agora, num trabalho-solo, Ferry recria em "Boys and Girls" a atmosfera sensual do lp "Avalon" (1982), o último trabalho do Roxy Music. Como diz Silvio Rabaça, este é o seu lp-solo estilisticamente mais sofisticado. A capa sugere algum poster de filme da década de 30 ou 40, as músicas uma apropriada trilha sonora para este clima romântico. A gravação do disco durou três anos, período em que não se ouviu quase falar de Ferry, que não gosta de entrevistas e badalações. Ótimos músicos participam das faixas: David Gilmour (Pink Floyd), Mark Knopfler (Dire Stralts), Nile Rodgers, Marcus Miller, Rhet Davis, Tony Levin e o saxofonista David Sanborn, entre outros.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
36
24/11/1985

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