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Aramis

Geléia Geral

Se Francisco José foi o cantor português de grande êxito nos anos 60, Roberto Leal herdou este público a partir do final da década de 70. Embora buscando ampliar seu repertório e gravando compositores brasileiros - foi, inclusive, quem percebeu as possibilidades românticas de "As Mocinhas da Cidade" (Nhô Belarmino), com o qual emplacou boas vendagens há 7 anos passados, Leal é, antes de tudo o "portuguesinho" simpático e querido dos programas da TVSS, na qual é presença quase semanal. xxx Uma boa notícia no mundo musical: a associação entre a 3-M Brasil e a RCA, que juntas, com um capital de 3,5 milhões de dólares, pretendem mostrar um painel da música brasileira, lançando novos talentos ou resgatando alguns artistas brasileiros que, pela natureza do seu trabalho, não encontravam receptividade no atual mercado de discos. O anúncio deste projeto fonográfico foi feito há duas semanas, em coquetel no Maksoud Plaza, em São Paulo, quando Moacir Machado, veterano record-man - ex-Odeon, ex-Continental, até há pouco na Pointer - na qualidade de diretor artístico dos três novos selos surgidos desta associação de duas multinacionais, anunciou as características de cada etiqueta. Assim, a música clássica e as grandes orquestras sairão pelo selo Scotch, destinado "às faixas nobres do mercado". A música sertaneja, folclórica e regional será distribuída pela Terra Nova, ficando para a 3M a faixa intermediária do mercado e a música contemporânea. O primeiro disco deve ser lançado ainda neste mês, trazendo Agnaldo Timóteo. Previstos uma média de 70 edições anuais e entre os contratados já estão a Orquestra Sinfônica de Campinas, Sinfônica do Rio de Janeiro, os violonistas Hélio Delmiro, Almir Sater, Renato Teixeira, Ronnie Von (que fará um disco com Sinfônica, comemorativo aos seus 20 anos de carreira), Bendego, Jane e Herondy, Gilson de Souza, Claudia Barroso, Sula Miranda e a dupla Mococa e Paraíso, entre outros. Como se vê, um elenco diversificado para atingir todas as faixas de um mercado altamente competitivo. xxx Anuncia-se, com entusiasmo, a vinda ao Brasil, em agosto próximo, no Free Jazz Festival, patrocinado pela Souza Cruz, do mais badalado pistonista do momento: Wynton Marsalis. Consagrado tanto como virtuose no erudito como no moderno jazz, Marsalis tem seu novo álbum ("Black Codes/From The Underground", CBS) lançado no Brasil. E ouvindo-se sete faixas deste novo disco sente-se que Wynton continua sua própria tradição de combinar o velho e o novo, e cujos resultados tornam-se suficientemente evidentes. Todas as músicas são de sua autoria, exceto "Chambers of Tain", do pianista Kenny Kirkland. Em "Black Codes", a banda de Wynton é formada, na maior parte pelos mesmos músicos que estiveram com ele nas procedentes aventuras musicais. Entre eles o irmão Branford, Kenny Kirkland, Charlenl Moffet (baixo) e Jeffrey Watts (bateria). Um disco esplêndido. xxx Depois de Perla, paraguaia que se fixou no Brasil e Luís Bordon, há quase 30 anos com sua repetitiva harpa, mais um paraguaio atravessa o rio Iguaçu e se fixa no Brasil: é Chamorro, 21 anos, que após shows no interior do Paraná e Rio Grande do Sul, conseguiu um contrato com a RGE. Está sendo testado num compacto simples - com "Saudade de Você" e "Quiero Tu Coraçon" - enquanto prepara um lp. Mais um candidato ao roteiro das churrascarias. xxx A meteórica Madonna, sensual, bela e explosiva cantriz que surgiu há 2 anos, com a força de capa das principais revistas americanas e um filme agradabilíssimo ("Procurando Susan Desesperadamente", com reprise prometida no cine Luz), a exemplo do Michael Jackson e mesmo Prince desapareceu nos últimos meses. Mas não completamente, tanto é que antecipando seu novo lp, a WEA edita um mix-45 rpm (velocidade que permite melhor audição) com "Live To Tell", da própria Madonna, em parceria com Pat Leonard - em versões vocais e instrumentais. Nas fotos de capa, Madonna abandona a imagem de sensualidade e busca mais uma visão de platinum blonde sonhadora dos anos 50. xxx E para este seu público fiel, que o prefere em canções portuguesas, fez um delicado "Romantismo de Portugal" (RGE, abril/86), construído basicamente na base de fados como "Adeus à Vida" (Jaime Aparício), "Olhos Castanhos" (Alves Coelho Filho), o clássico "Nem às Paredes Confesso" (Ribeiro/Trindade/Souza), "Só Nós Dois" (Joaquim Pimentel), "Estranha Forma de Vida" (Amália Rodrigues/Alfredo Aurte) e apenas uma composição própria - "Na Casa de Um Português". xxx Seis Lps em seis anos de carreira, muitos sucessos emplacados e um público fiel: o 14 Bis chega ao novo lp, fellinianamente intitulado de "A Nave Vai" (Odeon), com a mesma mineirice sonora que o tem caracterizado em seu trabalho nesta década. Cláudio, Flávio, Magrão, Hely e Vermelho, os pilotos desta espaçonave, freqüentam com assiduidade as paradas de sucesso "E mantém na vendagem de discos uma estabilidade de matar de inveja os meteoros do rock popular brasileiro: com um som original, particular, inconfundível" diz Ronaldo Santos, um dos letristas das novas músicas que se ouve neste "A Nave Vai": "Nuvens", "Pedra Bonita", "Falso Blasé", "Toada Mineira", "Nova Idade Média", "Outras Dimensões", "Mel do Amor", "Só Se For", "Sem Duvidar" e "Figura Rara". Entre os letristas, convocados para poetar as músicas de Venturini e Vermelho estão Murilo Antunes, Sá, Chacal e dois Ronaldos: o Bastos e o Santos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
3
25/05/1986

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