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Aramis

Geléia Geral

A emotividade não poderia ser mais bregue: Lindomar (Cabral) Castilho, goiano de Rio Verde, 46 anos, que se destacou nos anos 60 com um repertório extremamente puxado para o dramaticismo, vive hoje aquele drama que cantou a tantas músicas que emocionavam seus fãs: cumpre pena num presídio próximo a Goiânia, por ter assassinado sua ex-esposa, Eliane Aparecida de Grammont, 27 anos, num restaurante em São Paulo, na noite de 30 de março de 1981. Tendo chegado a vender milhares de discos pela RCA, sempre com repertório brega, Lindomar era um artista de temperamento difícil. Pretensioso e agressivo. Julgava-se o mais importante superstar. Hoje, é um homem diferente. Ao invés da barba que lhe dava ainda mais um ar cafajeste, o rosto bem escanhoado na capa de "muralhas da Solidão" (Nova Copacabana), disco gravado num improvisado estúdio no próprio Cepaigo (prisão agrícola), em que cumpre sua pena. Também se vê um homem amadurecido, voltado aos valores espirituais - diferentes daquele outro cantor. Assim, este retorno fonográfico de Lindomar tem um sentido emocional, que faz com que se veja com simpatia suas músicas que muitas vezes até parecem hinos evangélicos - "Volta Jesus" (Imensidão do amor), "Estrela Guia", "Muralhas da Solidão", "No Seu Dia de Festa", etc. Incluiu também músicas de Osmar Navarro ("Eu e o meu Coração") e Bariani Ortencio ("Araguaia"), além de uma parceria com Telson Paiva ("Linda"). Os maestros Portinho, Pepe Ávila e Waldemiro Lemke fizeram os arranjos, tendo Lindomar posto a voz sobre a trilha básica. É uma espécie de redenção musical, na qual Lindomar, com humildade, retorna para dizer que está vivo - e, acreditamos, bem mais humilde e humano. xxx Compositor e arranjador, formado em composição e Regência pela Universidade de Brasília, Flávio Fonseca é um homem de idéias novas. Há algum tempo com apoio da Associação Brasiliense de Esperanto, gravou o seu segundo disco solo, dentro de um projeto que vem sendo desenvolvido para as comemorações do centenário da língua internacional. Num compacto duplo, produção independente (pedidos a caixa postal 3532, CEP 70233, Brasília), Flávio inclui três composições próprias - "Ternas", "Unua Flanko" e "Olda Temo" e uma versão para o Esperanto de "Eu sei que vou te amar" (Tom/Vinícius). Os arranjos contam com orquestra de cordas, naipe de metais, vibrafone, viola caipira e muitos outros instrumentos. Infelizmente, o sonho de implantar o idioma mundial não deu certo, mas o idealismo continua. E Flávio Fonseca dá sua contribuição musical com este simpático disquinho que também pode ser solicitado à Associação Brasiliense de Esperanto - caixa postal 11-1124, CEP 70.084. xxx O disco mix praticamente fez o compacto desaparecer, mas de vez em quando os bolachinhas trazem novas vozes. É o caso de F. R. Davis, testado no mercado pela CBS com um CS, na qual interpreta "Sahara Night", extraída de seu primeiro elepê (ainda inédito no Brasil), catapultado ao entrar na trilha de "Roda de Fogo". xxx Em mix, um aperitivo do primeiro lp solo de Cláudio Zoli, ex-Brylho: "Livre Pra Viver", parceria com Bernardo Vilhena, funk-samba dos mais comerciais. xxx Também em mix, antecipando o novo elepê ("Gravity"), volta James Brown, que no ano passado escalou as paradas com "Living In America", da trilha sonora de "Rock IV". Agora, num elepê de muita energia pela CBS, Brown volta com músicas novas, uma das quais, "How Do You Stop?", já está sendo divulgada nas rádios. xxx João Bosco deixou a Barclay/Polygram - pela qual fez um último elepê, lançado neste semestre - e já está com o novo trabalho pronto pela CBS. Enquanto o elepê não chega nas lojas, um mix mostra que Bosco continua a ser um de nossos maiores compositores, violonistas e, especialmente, invasores vocais. "Desenho de Giz", antecipado em mix, traz o clima latino característico do compositor, com uma letra ótima de Abel Silva. Que faz a gente ficar aguardando, ansiosamente o elepê do qual o sempre brilhante Bosco deu o título de "Ai, Ai, Ai de Mim". xxx Antecipando o novo elepê do Communards, formado por Jimmy Sommerville (vocais), Richard Coles (teclados) e Sarah Jane Morris, a Polygram lançou um mix, no qual a participação especial de Sarah Jane Morris valoriza a faixa "Don't Leave Me This Way". Outro mix da Polygram é o que antecipa o novo elepê do Run DMC, com a participação do Aerosmith: "Wlak this Way" FM. A Polygram entusiasmada com o crescimento dos discos clássicos (120% em relação ao 2º trimestre do ano). Especialmente significativo, porque não tem havido lançamentos de clássicos neste final de ano, já que a Polygram está se preparando para introduzir, em breve, no mercado, o MC de Cromo - uma novidade destinada a oferecer aos exigentes colecionadores a melhor qualidade técnica. Monteiro de Barros, coordenador da área de clássicos e jazz, mesmo preocupado com as dificuldades de prensagem que vem impossibilitando de importantes discos, mostra-se otimista: "Sobretudo tratando-se de um mercado tradicionalmente menos sujeito à variações bruscas." xxx A Lup Som, nova etiqueta que surge em São Paulo, fazendo produções comercialmente bem acertadas para o mercado, especialmente destinadas ao público classe média. É o caso de "Os Anos de Ouro", com sucessos dos anos 50/60 como "Georgia On My Mind", "Monia", "Mambo nº 5", "Canzone Per Te", "Only You", com intérpretes como Perez Prado, Sérgio Endrigo, The Platters e outros. Dois intérpretes, aliás, ganham elepês próprios, com os maiores sucessos: Sérgio Endrigo e Bienvenido Granda.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
07/12/1986

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