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Aramis

Geléia Geral

Depois de permanecer alguns anos sem representar nenhuma etiqueta internacional - em decorrência da própria crise pela qual passou - a Continental começa a fazer novamente, lançamentos internacionais. Por exemplo, há algumas semanas trouxe o grupo War ("At War With Satan-Venon"), lançamento original de 1984 e o super-badalado "Fresh Fruit For Rottinag Vegetables" com o grupo Dead Kennedys, um dos conjuntos mais radicais do punk americano. Embora já extinto, só Dead Kennedys - Jello Biafra (vocais e composições), East Bay Ray (guitarra), Klaus Flouride (baixo e vocais) e Ted Rogers (bateria), que estavam na estrada há 9 anos, podem serem ouvidos agora, com o seu "Anarquismo-niilismo" como definiu um crítico paulista. xxx Depois dos Dead Kennedy, a Continental traz outro grupo punk: o UK Subs, conjunto inglês que apesar de místico, não figura em nenhuma enciclopédia do gênero, muito menos em matéria de jornais especializados. Segundo Fernando Naporano, encarregado pela gravadora para preparar o release apresentando o conjunto, diz que ao lado de outros do chamado "spirit of 76", o UK subs ocupa o lugar de ser "a mais controvertida banda marginal do movimento". O líder Charlie Harper nega-se a dar entrevista e chega a proibir que seus discos sejam enviados a imprensa. Ao longo de sua carreira iniciada em fins de 1976 pelo veterano letrista/vocalista e ocasional gaitista/guitarrista Charlie Harper (ex-marauders), o UK Subs passou por diversas formações. Ameaçaram várias vezes acabar, mas sempre retornaram. Em sua atual formação - James Moncur na guitarra, Plonker Magoo no baixo e Rab Fae Beth na bateria - o grupo continua a fazer um som estridente, pesado - só para quem curte este tipo de música. O álbum "Huntighton Beach" é formado por 15 faixas, as quais Naporano define como "nada pode ser sublime, nada é ruim: apenas mais uma espetacular punkadaria no ringue do pop realizada por aqueles que ainda parecem tocar com vontade e sinceridade" (sic). xxx Substituindo o antigo 78 rpm em 1962, o compacto (simples e duplo) nunca teve a atenção devida e hoje, com os disco-mix promocionais, poucas são as mini-bolachas que aparecem. Entretanto, foram em compactos que saíram músicas importantes, talentos tiveram lançamentos e, muitos deles, permanecem únicos, sem que as gravações ali contidas ganhassem elepês. Assim, o trabalho que um colecionador e pesquisador carioca, Nelio C. Rodrigues, acaba de publicar às suas custas vale como básico material, de referência: "Compactos Brasileiros: O Rock dos Anos 60". (Volume I). Em edição xerocada, Rodrigues - que coordena um grupo que se reúne mensalmente na loja Bausack (RJ), para comprar, vender e trocar discos e informações, levantou todos os compactos editados no Brasil dos Beatles, Hollies, Dave Five, Gerry and The Pacemakers, Beatch Boys, Herman's Hermits, Lennon etc. Para poder dar continuidade ao trabalho está vendendo a publicação a Cz$ 160,00, atendendo pelo correio (rua Faro, 50/601 - CEP 22461, RJ). xxx Mais um disco de música clássica que o incansável Jonas Silva lança através de sua Imagem: cinco concertos para violino e orquestra de Antonio Vivaldi, com o virtuose Joap Schroeder, acompanhado pela orquestra Capella Savaria. Vivaldi deixou 450 concertos para instrumentos solistas - e metade desta obra consiste em concertos para violino. Deste imenso material, Joap Schroeder, violinista e regente escolheu os concertos em Mi Maior, Si Bemol Maior, Lá Menor, Si Menor e Si Bemol maior que estão nesta preciosa gravação, produção original de uma gravadora estatal da Hungria. Joap Schroeder é um consagrado intérprete de violino e se apresenta regularmente em vários países europeus. Fundador do Quarteto Esterhazy, o primeiro quarteto que tocou música sinfônica em instrumentos construídos no estilo da época, Joap também dirigiu, com Christopher Hogwood a gravação integral das sinfonias de Mozart. O conjunto Capella Saravia que o acompanha neste álbum foi formado há 7 anos e também é integrado por músicos que usam instrumentos da época, com cópias de arcos antigos e estudando os diferentes modos de interpretação barroca assim como suas instruções sobre a articulação, ornamentação e, mais geralmente, sobre todo universo sonoro desses períodos. Como as gravadoras com exercícios acervos da MPB recusam-se a reeditar suas preciosidades - e os colecionadores são obrigados a recorrerem aos sebos (em Curitiba, hoje já há quatro: a Feira dos Livros Usados, Guttenberg, Trecos & Cacarecos e a Raridade), um experiente vendedor de discos do Rio de Janeiro, também apaixonado pela fase de ouro da nossa MPB, Francisco Aguiar - o Chico da cadeia de lojas Moto Discos - vem bancando relançamentos daquilo que considera de mais importante de nosso cancioneiro. Em uma primeira fornada, devolveu as lojas cinco LPs da RCA Victor (de uma época que a série Camden reeditava o fino de seu catálogo dos anos 30 e 40). Foram cinco discos dedicados a Almirante, Linda e Dircinha Batista, Aracy de Almeida e duas antologias, uma delas de carnaval. Para completar o lote, um LP do catálogo Continental (Jorge Veiga) e outro da Polygram (Ciro Monteiro e Dilermando Pinheiro). Agora, Chico está lançando um segundo pacote, trazendo a bela voz de Gastão Dormenti (1894-1974) no lp "Quadros Musicais", a picardia de Ciro Monteiro (1913-1973) em "A Bossa de Sempre", o melhor Orlando Silva (1915-1973) em "Sucessos dos carnavais de todos os tempos" e uma nova antologia reunindo gravações originais de Silvio Caldas, Aracy de Almeida, Isaura Garcia, Nelson Gonçalves e Moreira da Silva, todos da RCA. O problema é encontrar estes discos fora da cadeia Moto-Discos. Só escrevendo para o bom Chico, que ele manda pelo correio. xxx Lançamentos despretensiosos, com jovens guitarristas do Norte ao Sul que buscam públicos simples. O gaúcho Claudinho, pela Discoteca, gravou "A Guerra do Baile", com um repertório em que soma suas próprias composições ("Somos Amantes", "Confissão de Amigo", "Meu Drama"), músicas de outros autores como Flávio Mattes, João Renes e Deva. Já Magalhães e sua guitarra (Gravarsom/Fonodisc) ataca com bom humor, picardia e até erotismo, tanto é que "Botanco Pissica" teve sua divulgação proibida nas emissoras. Magalhães começa com "Lambada Fricoteada" e desfila um repertório picaresco, bem nordestino com outras lambadas ao melhor estilo paranaense. Já Paulo Marcio (Gravarsom), outro compositor intérprete de Belém do Pará, com músicas das mais apelativas como "Falei Sério", "Gosto de Quero Mais", "Eterno Amante", "Perdão Amor", "Mar de Lágrimas" e outras choradeiras românticas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
7
15/03/1987

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