Fruet, da Rússia e com Guimarães
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de junho de 1989
Maurício Fruet foi sempre um jornalista, antes de tudo. Desde seus tempos de repórter esportivo da pioneira equipe que fazia da Emissora Paranaense, instalada na Rua Senador Alencar Guimarães, brigar pela maior audiência, Fruet sempre foi o repórter inquieto, buscando a notícia exclusiva, valorizando um jornalismo especializado. Depois passou por diversas redações de jornais e, no período mais vibrante da "Última Hora" no Paraná (1961/1964), ali se integrou na editoria esportiva. Mas não ficou apenas na parte esportiva pois sempre contribuía com notícias para outros setores, dava dicas aos colunistas - Celina Luz, Nelson Farias, o sempre lembrado Mauri Furtado (1938-1964), Adherbal Fortes, entre outros.
Depois veio a política, Maurício entrou no MDB, elegeu-se vereador, foi para a Assembléia e chegou a Câmara Federal - sempre com a mais absoluta lealdade, consistência e integridade. Merecidamente, foi prefeito de Curitiba - nomeado por José Richa, mas referendado pela votação imensa que teve. E só não voltou a Prefeitura, consagrado, porque sofreu indiretamente o desgaste natural de seu partido - e do período de poder. Se tivesse voltado, por certo estaria fazendo uma boa administração, com mais experiência e pronto para o salto maior ao Palácio Iguaçu. Que, entretanto, não está descartado, já que entre os nomes do PMDB continua a ser um dos que tem maior solidez.
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Maurício Fruet é um dos coordenadores nacionais da campanha de Ulysses Guimarães. Admite que a campanha é difícil, que a situação colocou muitas pedras no caminho do peemedebista, mas que "é possível acreditar na força do trabalho". Por isto mesmo, Maurício, na coerência que sempre o caracterizou, vestiu a camisa do candidato peemedebista - seu amigo, aliás, há muitos anos - e está no campo de batalha, percorrendo o Brasil e com disposição de fazer o melhor. Mantendo sempre o seu humor - uma das marcas registradas de sua personalidade.
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As responsabilidades políticas e o esforço que a campanha presidencial exigirá fazem com que Fruet adie insistentes sugestões de escrever um livro sobre suas atividades políticas e públicas, nestes últimos anos. O que é pena, pois Fruet sabe fazer um texto enxuto e objetivo e uma prova está na série de artigos que tem publicado na imprensa.
Como esteve no início deste ano na União Soviética, ao lado de seu colega parlamentar, deputado Nelson Jobim, participando do primeiro seminário de partidos não comunistas da América Latina, Maurício voltou com muitas novidades. Apesar do intensivo programa - que muitas vezes se estendia das 8 às 24 horas - pôde recolher muitas informações.
- "Achei mais fácil, para responder a tantas perguntas que me fazem sobre a Rússia - escrever alguns artigos e, garantindo maior circulação, fazer uma edição xerocada e distribuir aos interessados.
Assim, sua visão da URSS, suas impressões sobre a Perestroika e Glasnot da era Gorbachev, o sistema político, as mudanças que se avizinhavam (quando Fruet esteve na URSS, as eleições ainda não haviam sido realizadas) estão em seus artigos simples e objetivos, que ganham, mesmo que numa reprodução simples, sem capa ou qualquer tratamento gráfico especializado, perenidade maior.
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Normalmente conhecido por bom humor - e mesmo irreverência - nos artigos sobre a URSS, Fruet foi objetivo, discreto, jornalístico - e mesmo sem pretensões maiores, trouxe informações - conhecidas de muitos, mas ignorada pela maioria dos brasileiros. Sobre a imprensa, por exemplo, Fruet conta: "ao contrário do que eu imaginava, o "Pravda" órgão do Partido Comunista, com seus 11,3 milhões de exemplares/dia não é o principal jornal do país. E sim o "Trud" (Labor), da União dos Sindicatos, com 18,2 milhões de exemplares. O segundo é o "Komsomolskaia Pravda", da Juventude Comunista, com 17 milhões. Um dado importante: são editados, diariamente, 193 milhões de exemplares de jornais e revistas. Seguramente, mais de 10 vezes que no Brasil".
LEGENDA ILUSTRAÇÃO - Fruet: anotações russas.
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