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Aramis

Final sem protestos mas atrasos e algumas gafes

Com muito humor e informalidade, Ney Sroulevich assumiu os imprevistos: - É aquela história! A gente programa tudo, planeja, mas na hora afinal acabam acontecendo os fatos inesperados. O importante é que estamos aí. No I FestRio, a abertura teve Caetano Velloso [Veloso], todo de branco, protestando contra a ausência de "Je Vous Salue Marie", de Godard - que acabaria proibido pelo governo. Em 1985, foi a jurada Ellen Bursteyn, que na hora da entrega de prêmios à melhor atriz criou uma confusão e quase apanhou, no palco, de Norma Benguel - enquanto Fernanda Montenegro, com toda sua dignidade, segurando o Tucano de Prata nas mãos, não sabia o que fazer. Este ano, Caetano e Norma estiveram ausentes. O compositor só apareceu discretamente, de smoking, na abertura, com sua atual namorada, Paula. Norma estava mais preocupada em que ficasse pronta a primeira cópia de seu longa-metragem "Pagu", que, pelo visto, nem foi mostrada no mercado - enquanto sonha em que esta sua biografia de Patrícia Galvão represente o Brasil no próximo Festival de Cannes. Sem escândalos ou protestos, a festa de encerramento do FestRio teve atrasos, imprevistos e terríveis derrapagens de alguns de seus apresentadores - especialmente o casal Pepita Rodrigues e Carlos Eduardo Dolabela. Dividida em segmentos - primeiro a abertura, depois a exibição de um belo desenho animado produzido no Rio, "Alex", depois o bem humorado curta "Churrascaria Brasil", de Fred Confalonieri (já visto em Curitiba, durante a I Mostra de Cinema Latino-Americano) e, finalmente, o aguardado "O Ultimo Imperador", que apesar da longa-metragem, conquistou o público com a beleza de suas imagens, a riqueza de produção e a tocante história de Yu Pi, o último imperador chinês. Na hora da entrega dos prêmios houve de tudo! Enganos nos nomes dos premiados, informações erradas, confusão na hora dos apresentadores lerem os textos e até uma infeliz tentativa de piada de Dolabela em relação ao complicado nome do polonês Zbigniew Rybczysnki, vencedor na categoria de programas de televisão com o mais fascinante trabalho apresentado - "Steps" (que Dolabella chamou de "Staps"). Para evitar maiores vexames, a diretoria executiva do FestRio eliminou este ano, tanto na abertura como no encerramento, shows ao vivo. Uma discreta montagem em fita dos mais belos temas musicais do cinema, alguns efeitos de sonoplastia e, na abertura, locutor em off - conduzindo a discreta homenagem ao casal Mandela, já que a festa deveria ser aberta com a estréia mundial de "Cry Freddon", de Richard Attenborough (que não veio e foi substituído por "Au Revoir Les Enfants" de Louis Malle). No encerramento, a sala Glauber Rocha do centro de convenções do Hotel Nacional, superlotada, apelos para que não fumassem ("além do perigo do incêndio, dá câncer", esbravejava Dolabela), e como sempre a disposição do público vaiar. Na abertura, a homenagem à raça negra havia sido feita pelo poeta Mazinho lendo "Reencontro", dedicado "Aos Mandela e a farsa abolicionista brasileira". No encerramento, a veterana atriz negra Rute de Souza, chamada para entregar o Tucano de Prata ao representante da melhor atriz (a australiana Wendy Hughes), foi a mais aplaudida da noite. Depois da festa, a confraternização. Que este ano foi no subúrbio, na quadra da Escola de Samba Caprichosos de Pilares, que em fevereiro vai desfilar na Marquês de Sapucaí com o tema "Luz, Câmera e Ação", louvando "as maravilhas da sétima arte".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
01/12/1987

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