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Festival terá 79 filmes mas perde "Que Bom te Ver Viva"

A liberal decisão da comissão executiva do Festival de Cinema Texaco-Cidade de Curitiba (25 a 30 de setembro) dispensando de seleção prévia os filmes inscritos acabou trazendo um problema: foram 60 curtas, 12 médias e 7 longas inscritos, o que tornará exaustivo o trabalho dos dois júris. O pior é que para não acavalar a apresentação dos longas (no Cine Ritz, sessões às 20h30) ficou excluída a possibilidade de, na noite de encerramento, ser apresentado o mais significativo filme produzido no Brasil este ano - "Que Bom te Ver Viva", de Lúcia Murat, que representará o Brasil em vários festivais internacionais e já está inscrito para o próximo Festival de Cinema Brasileiro de Brasília (25 a 31 de outubro, mas sem confirmação oficial). Exibido até agora apenas em duas sessões especiais no XVII Festival do Cinema Brasileiro de Gramado e na Mostra Internacional de Cinema Banco Nacional (Rio de Janeiro, setembro), "Que Bom te Ver Viva" - um contundente e emocionante documentário com depoimentos de oito mulheres que sofreram torturas na prisão, nos anos mais duros da ditadura militar - seria o filme hors concours, encerrando o festival idealizado pelo colunista Alcy Ramalho Filho. Como complemento, poderia ser trazido o curta "Ilha das Flores", de Jorge Goulart, 9 Kikitos no último festival de Gramado e, para muitos, o melhor curta já produzido no Brasil. Entretanto, esta programação foi suspensa (Lúcia Murat, inclusive, gostaria de trazer seu filme a Curitiba, já que considera-se "meio paranaense": seu pai viveu muitos anos em Palmas), pois os filmes concorrentes ocuparão todos os dias da programação do Ritz. xxx O festival abrirá no dia 25, segunda-feira, com "1º de Abril, Brasil", de Maria Letícia, que obteve dois prêmios em Gramado - melhor atriz (Rosamaria Murtinho) e melhor montagem (Marília Alvim). Na terça-feira, 26, um filme inédito, de uma diretora estreante: "Fugindo do Passado", de Adélia Sampaio. No elenco, entre outros. Jorge Cherques, Beila Genauer, Lafayete Galvão, Miriam Pires e até Maria Letícia, diretora (e intérprete) de "1º de Abril, Brasil". Dois documentários, que prometem bastante, serão apresentados na quarta-feira, 27: "Rio/Leningrado Sem Fronteiras", de Carlos Ribeiro Prestes (primeira co-produção Brasil-URSS) e "Ori", documentário rodado no Brasil e África, com abordagem antropológica da cultura negra, realizada por Raquel Gerber, intelectual respeitada e autora, inclusive, de um dos mais profundos livros sobre a obra de Glauber Rocha. Fauzi Mansur, cineasta paulista, com uma filmografia de títulos apelativos, é o diretor de "Atração Satânica", tentativa que faz para sair do esquema pornô e chegar a outras faixas de público. No elenco, um ótimo ator - Ênio Gonçalves, valorizado já em alguns filmes de Carlos Reichenbach. Concorrerá na categoria de longa-metragem. Programado para lançamento comercial há várias semanas (Cine Condor), "Sonhos de Menina Moça", que concorreu (sem receber nenhuma premiação) no XVI Festival de Cinema Brasileiro de Gramado, acabou inscrito por decisão de sua diretora, Tereza Trautman. Para o grande público, este filme com muito erotismo tem a atração de um elenco all star: Tônia Carrero, Marieta Severo, Louise Cardoso, Jofre Soares, Selma Egrei, Zezé Motta, Xuxa Lopes, Monique Lafond e Flávia Monteiro, entre outros. No encerramento, concorre "Lua Cheia", do estreante Alain Fresnot. Cortado pela comissão de seleção do último Festival de Gramado, com um roteiro livremente inspirado em "O Sr. Puntilla e o seu Criado Matt", de Bertold Brecht, tem três atores conhecidos: Lima Duarte, Otávio Augusto e Antônio Abujamra.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
19/09/1989

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