Fellini visita Anita na bela "Entrevista"
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de novembro de 1990
Impossível deixar de reconhecer: se o lixo da produção cinematográfica internacional continua a rechear as locadoras, há também algumas edições de primeira categoria. Por exemplo, pouco a pouco, vamos tendo no Brasil os filmes de Fellini, só para dar um exemplo maior. Após "Amarcord", "Os Boas Vidas", "A Trapaça" e "As Noites de Cabiria", chega a vez do recentíssimo "Entrevista" chegar em lançamento da Look Vídeo.
Mantendo-se fiel ao seu único tema - ou seja, as reminiscências de sua vida - Fellini vai agora além: fez um filme em torno da cinqüentenária Cinecittá, onde realizou a maior parte de suas obras-primas. Fazendo o jogo duplo do filme dentro do filme, Fellini revela o mecanismo criador da ilusão e mergulha o público em seus atores/atrizes personagens, os tipos fellinianos, a música de Nino Rotta (falecido há alguns anos, mas com a reutilização de seus temas mais felizes) e, principalmente, emociona ao acompanhar seu ator favorito, o "bravo" Marcelo Mastroianni na busca da Anita Ekberg de "A Doce Vida" (1959), hoje uma gorda matrona. É a seqüência mais marcante do filme e só ela justifica a locação (ou a compra, para os fellinianos mais entusiastas) deste excelente lançamento.
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Videonotas
Para matar as saudades de quem curtia as matinadas dos antigos Cines Odeon, Broadway, América e Curitiba e vibrava com os bangue-bangues estrelados por Buck Jones, a Vídeo Classics lança um dos mais movimentados filmes daquele cowboy que, os mais velhos curitibanos, identificavam fisicamente com um lendário valentão desta cidade sem portas: Carlinhos Pereira (e que como todo valentão morreu numa briga, nas mãos de um garoto). "Ases da Pistola" (The Guaman From Bodie), 1941, de Spencer Bennett, com Buck Jones, Tim McCoy, Raymond Hatton, 60 minutos, é um lançamento para nossos curtidores de bangue-bangue verem em sessões emotivas. Pelo menos é o que Jorge Souza e seus discípulos do Cineclube Aníbal Requião estão fazendo.
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A mesma Vídeo Classics fez outros lançamentos que justificam o seu nome: "Adeus às Armas" (A Farewell to Arms), 1932, de Frank Bozage, primeira versão do romance de Hemingway, com Gary Cooper, Helen Hayes e Adolph Menjou; o musical "Quando as Nuvens Passam" (Till the Clouds Roll by), 1946, de Richard Whorf, com Robert Walker, Van Heflin, Leslie Brener, Judy Garland, Frank Sinatra, June Alyson, Lena Horner, Tony Martin, Kathryn Grayson, Dina Shore e outros em números musicais.
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Outro lançamento de primeira categoria da Vídeo Classics: "Servidão Humana" (On Human Bondage), primeira (1934) versão do romance de W. Somerset Maughan, com Bette Davis, Leslie Howard e Reginald Owen. Para mostrar que nos anos 40 já se faziam desenhos de muita imaginação, saiu o volume com 13 desenhos animados com a sensual Betty Boop, personagem criada por Max Fleischer, tão "excitante" na época que chegou a ser proibida em alguns Estados americanos.
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Liza Minelli sempre justifica atenção. Filha de Judy Garland e Vincent Minelli, já falecidos, é uma cantriz [cantora-atriz] classe A. Eis que a moça aparece num filme inédito nos circuitos comerciais, em lançamento da Sector Vídeo: "Hora de Viver" (A Time to Live), de Rick Wallace, com Jeffrey Demunn (visto em "Francis") e o garotão Corey Haim (de "Sem Licença para Dirigir"). Um filme a ser conferido.
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