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Aramis

A falta de Rubinho para explicar melhor a festa

Que falta fez o jornalista Rubens Ewald Filho nesta 63ª festa de entrega dos Oscars! A ausência deste profissional que está entre os que mais conhecem as coisa de cinema do Brasil prejudicou - e muito - o melhor entendimento da 63ª cerimônia transmitida na noite de segunda-feira, do Shrine Auditorium em Los Angeles, e que tem a maior audiência em todo o mundo. Tendo deixado a Globo - onde por muitos anos foi o apresentador de assuntos de cinema - e depois de passar pela Record - Rubens Ewald Filho sempre dava, nas transmissões do Oscar, informações adicionais sobre os bastidores da festa e, especialmente, em relação ao que era projetado no telão. O seu substituto, o jornalista Maurício Kubrusly, mais ligado a área musical, não reúne know-how de informações que possibilitasse identificar, ao menos, o filme "Duas Mulheres" (La Giociara, 1961), que há exatamente 29 anos, em 9 de abril de 1962, na festa idealizada no Auditório Cívico de Santa Mônica, valeu a bela Sophia Loren, 57 anos, o Oscar concorrendo pelo filme de Vittorio de Sicca. Não custaria muito passar esta informação, durante o clip em que Sophia apareceu em alguns de seus filmes feitos nos Estados Unidos - num dos raros momentos de emoção de uma noite sem surpresas e que fica, como uma das mais fracas na sexagenária história do mais cobiçado troféu da indústria cinematográfica. Esta vez, Sophia recebeu um Oscar especial. xxx Também as platéias mais jovens, que acompanharam a festa pelo vídeo, pouco ficaram sabendo sobre outra grande homenageada especial - a veterana Mirna Loy (Catherine M. Willians), aos 89 anos - que, de seu apartamento em Nova Iorque, emocionadíssima, limitou-se a dizer apenas um "muito obrigada" após rever momentos magníficos de sua carreira - especialmente na parceria com William Powell (1982-1984) [?]. Em várias outras referências e homenagens - inclusive com obras pioneiras no som, cor e técnicas que ilustraram a festa de três horas de duração, faltaram menções sobre quem aparecia na tela - ou ao menos os títulos dos filmes, que um bom cinéfilo poderia lembrar. Até a normalmente correta tradutora Elizabeth Hart acabou embananando-se em certos momentos, ao tentar traduzir informações importantes. Feliz foi quem sintonizou a rádio Globo (mas que não é ouvida em Curitiba) e acompanhou a transmissão em inglês... desde que conheça o idioma suficientemente para entender as inúmeras piadas - muitas delas exigindo familiaridade às coisas do cinema - que Billy Crystal, o mestre de cerimônias insistiu em colocar em suas intervenções. Um dos mais veteranos mestres de cerimônia do Oscar, o ainda vigoroso Bob Hope (Leslie Towne Hope), 88 anos, foi quem apresentou uma seleção de imagens de filmes que foram os primeiros a emocionarem cineastas e artistas famosos num clip excelente mas que permaneceu sem qualquer indicação. Se faltou informação a Kubrusly para informar a respeito dos filmes - e, prudentemente, evitou falar demais - por outro lado, lhe sobrou pretensão ao melhor estilo de Ary Barroso: (que era famoso pela parcialidade com que narrava as partidas de futebol quando jogava o "seu" Flamengo) torcia pela vitória de "Dick Tracy", criticando quando a comédia de Warren Beaty não era premiada nas categorias em que disputou. Uma preferência que, obviamente, não se condiz num ranking em que uma opinião individual não deve prevalecer. Sem manifestações políticas (como as que marcaram algumas das melhores edições nos anos 70), acomodada e morna - embora com o luxo e a sofisticação que uma superprodução que atinge todo o planeta como esta exige - a festa deixou uma frustração visual aos cinéfilos que acompanham o marketing do dourado boneco. Mas não faz mal! No ano que vem tem mais.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
27/03/1991

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