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Aramis

Eric, um brasileiro de sangue hispânico

O jornalista Milton Eric Nepomuceno, 46 anos, está entre aqueles brasileiros que possuem o coração realmente hispânico. Pelo menos 20 de seus anos de atuante jornalismo tem se dedicado a viver, falar e escrever sobre a política e, especialmente, a cultura latino-americana. Desde seu início profissional - já nas páginas do "Jornal da Tarde", então um revolucionário vespertino da imprensa nacional, Eric voltava-se a divulgar a literatura e música continental, na época ainda praticamente desconhecida do grande público. Proporcionalmente a uma carreira de correspondente internacional - inicialmente na Argentina, depois na Espanha, mas com passagens por vários outros países, Eric Nepomuceno foi desenvolvendo todo um aprofundamento não só intelectual mas também estabelecendo profundos laços de amizade com escritores, compositores, músicos e intérpretes dos mais notáveis. Em dezembro de 1976, quando o visitamos em sua casa em Madri, Eric estava sempre recebendo escritores não só espanhóis e latino-americanos, mas também atendendo propostas para escrever textos especiais disputados por várias publicações, especialmente a antológica "Crisis", que um de seus melhores amigos, o uruguaio Eduardo Galeano, 52 anos, editou em Buenos Aires entre 1937/76 - um dos símbolos da resistência contra os governos militares do Cone Sul que lhe custou anos de exílio. Outro uruguaio, Júlio Cortazar (1914-1984), embora radicado em Paris, esteve sempre entre os bons amigos de Nepomuceno, que em sua personalidade simples e cativante, sincero e corajoso, nunca diferenciou quem quer que fosse por títulos ou importância. Para ele, Fidel Castro - com quem esteve em várias ocasiões, através de longas permanências em Cuba - é uma pessoa tão simples como seus amigos brasileiros, alguns de Curitiba, como a arquiteta Mirna Corpotassi, que aliás foi a primeira a trazê-lo até a nossa cidade, no Carnaval de 1973. xxx Portanto, a presença de Eric Nepomuceno como um dos líderes do polêmico Vôo da Solidariedade - e porta voz do grupo de intelectuais, artistas e lideranças políticas que enfrentando pesadas críticas, viajou para Havana, levando, cada um, 35 quilos de remédios para a Cuba que enfrenta uma de suas maiores crises, não é surpresa. Mais do que um jornalista brilhante, com uma obra que se espalha em centenas de jornais, revistas e mesmo livros, Eric Nepomuceno é hoje um cidadão continental que, ao lado de expressões como Chico Buarque de Holanda - aliás, seu amigo desde os tempos de infância, em São Paulo, o também jornalista e escritor Fernando de Moraes (autor de "A Ilha", primeiro livro-reportagem sobre Cuba publicado por um autor brasileiro), Antônio Callado e tantos outros nomes da maior dignidade intelectual e política, entendeu que como já ensinava há 25 anos outro grande brasileiro, o paraibano Geraldo Vandré, quem sabe faz a hora/não espera acontecer e, assim, tão importante quanto é escrever os livros como "Hemingway na Espanha" ou editar a revista "Nossa América", é a presença pessoal na Cuba no momento em que sofre mais uma de suas crises - e que, se espera, saberá vencer - como já aconteceu no passado.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
15/02/1992

Sou estudante de tradução e fã nº 1 de Eric, participei de um congresso em Niterói onde Eric deu uma palestra. Nossa foi maravilhoso!
Agradeço sua atenção!
abraços

ei cortazar não é Uruguayo

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