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Aramis

Emilinha, a maior, agora em CD

É religioso! Todos os anos, em 31 de agosto, repete-se uma tradição: missa de ação de Graças numa Igreja do Rio de Janeiro reúne uma platéia fortemente gay que, desde os anos 40, cultua a sua "Favorita", EMILINHA. Embora dizer a idade seja o fato que mais a irrita - consta que nasceu em 1923, embora oficialmente diga que nasceu em 36 - Emília Savana da Silva Rocha - a Emilinha Borba - é um exemplo de cantora popular que tem o seu público fiel. Um público que se reduz, a cada ano, já que passou a época da Rádio Nacional, dos sucessos carnavalescos, das grandes temporadas - mas ao contrário de sua arqui-rival Marlene (Vitória Bonaiutti, São Paulo, 18/01/1924) - que nos últimos anos tem se recolhido a bissextas apresentações como atriz (de méritos, aliás) - ela continua a buscar espaços. Tanto é que está prevista sua participação em festas carnavalescas que boites de brasileiros promoverão em Nova Iorque e, diz ela, talvez venha até a gravar um novo disco - embora sua última entrada em estúdios date de vários anos. Em compensação, do imenso material que deixou gravado - 117 discos com 216 músicas, mais dez elepês - a partir de seu primeiro disco feito em 1939, na Columbia ("Ninguém Escapa" e "Faça o Mesmo", de Frazão), proporciona que reedições aconteçam. Assim, enquanto José Maria Costa Manso, da Collector's, dedica cinco volumes da série "Ídolos de Ouro", em cassetes, para Emilinha, o nosso Leon Barg, da Revivendo, faz um trabalho bem mais cuidado tecnicamente: num CD inteiramente dedicado a "Favorita da Marinha" - uma das dezenas de títulos que ganhou em sua vida - estão reunidos 20 músicas que mostram a diversidade de Emilinha, a partir do belíssimo "Se Queres Saber", de seu cunhado Peter Pan (José Fernandes Paula, 1911-1983), gravado em 1947 - até "Dez Anos" (Raphael Hernandez), uma das muitas versos que registrou. Ao contrário dos cassetes da Collector's, este álbum - com cuidadoso trabalho de remasterização a cargo do especialista Ayrton Pisco - procurou ter um repertório menos carnavalesco, embora no estilo popularesco que Emilinha sempre marcou sua carreira, com hits como "Baião de Dois", "Escandalosa", "Esperar Por Que?", "Rumba de Jacarepaguá", "Paraíba", "Acapulco", "Jurei" e a romântica "A Música que Eu não Ouvi" (Renê Bittencourt / Ismael Neto). Para seus fãs, Emilinha é a maior! Uma época, uma fase da música brasileira, que ela, com toda razão, merece respeito e admiração.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
24/11/1991

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