Login do usuário

Aramis

Em todas as rotações... Em todas as direções...

1 Depois de "Idengdity", lançado no ano passado pela Artista/Odeon, temos um novo - e importante - disco do catarinense (criado no Paraná) Airto Guimorvan Moreira: "The Essential... Airto featuring Flora Purim & special friends" ( Tapecar/Buddah Records, janeiro/77). Em dois elepês, Airto e Flora, com seus amigos - os brasileiros Sivuca, Hermeto, mais o baixista americano Ron Carter, apresentam uma alta voltagem de criatividade sonora recriando temas já conhecidos, de Hermeto e Gismonti como "O Sonho", "Papo Furado", "O Galho da Roseira", "Bebe" (estes 2 incluídos no único disco que Hermeto conseguiu fazer no Brasil, há 5 anos passados, na Philips), ou novas músicas - de Moreira e de seus amigos: "Alue", "Xibaba", "Andrei", "Frevo", "Lliamba" etc. Em suma, um dos melhores discos internacionais lançados neste início de ano. E com a vantagem de ser um álbum com músicos brasileiros. Flora canta otimamente bem e não é sem razão que recebeu, pela terceira vez, o título de "best male singer of jazz" nos Estados Unidos. 2 A Chantecler continua a fazer lançamentos impáticos para quem gosta de música instrumental. Ao lado da fundamental série "The Best Of..." , constituída de robustos álbuns duplos com a nostálgica música de Woody Hermann, Les Brown, Tommy Dorsey e outros (mas que, inexplicavelmente, foram retirados de catálogo), com o acervo da Decca, há discos menores, mas nem por isso menos agradáveis. É o caso de "Glenn Miller Sound", (Elite Special/Chantecler, 4-25-407-009, dezembro/76), onde com arranjos de Jackie Sprangers, uma "big band", ao estilo de Glenn Miller (1900-1945), recria standards como "Jump In Space", "Little Brown Jug", "A Trip To San Francisco", "Ballad For Bugle" e "Moddy Time". Vale a pena ouvir de novo. 3 O grupo vocal The Stylistics, dos mais agradáveis conjuntos surgidos nos últimos anos, com novo disco na praça: "Once Upon a Juke Box" (HL Records/Top Tap, janeiro/77), onde Russel Thompkins Jr., Airrion Love, James Dunn, os Stylistics, incluem músicas como "I Got It Bad And That Ain't Good" de Paul Webster-Duke Ellington) e "My Funny Valentine" (Lorenz Hart-Ellii Richard Rodgers), que já justificam a sua compra. Já para os fãs de Little Richard, da primeira geração do rock and roll, temos um nostálgico elepê de Little Richard (Buddah/Tapecar, janeiro/77), onde estão standards dos anos 50, como "Tutti Frutti, "Slippin'n'Slidin" e "She's Got It", agora ressuscitadas nas águas da nostalgia de "Estúpido Cupido". Mais tranqüilo, são os digestivos elepês da Orquestra Fantástica de Claude Marcel, possivelmente pseudônimo de algum maestro contratado de outra gravadora, em adocicados arranjos de temas como "Love Story", "Michelle", "Foon On The Hill" etc. e o guitarrista Francis Goya, acompanhado por orquestra, no lp "Nostalgia". O primeiro lançamento da Tapecar, o segundo da Top Tap. Luiz Eça, 41 anos, antes de se dedicar a música popular, estudou o clássico, chegando a apresentar-se em público, pela primeira vez, no Conservatório Brasileiro de Música em 1947. De 53 em diante, mudou-se para o gênero popular. Participou de toda a Bossa nova, fundou a Tamba Trio (ao lado de Helcio e Bebeto) e hoje é, sem dúvida, um dos mais importantes instrumentistas brasileiros e dos mais disputados arranjadores. Para o elepê "Antologia do Piano" (Philips, 63491313, dezembro/76), com o qual a Phonogram dá seqüência a série de "Antologias", não poderia ser escolhido melhor intérprete. O produtor Roberto Menescal, homem que, junto com Luisinho viveu os melhores dias da Bossa Nova, ajudou na seleção de 12 temas apropriados a Luisinho mostra toda sua competência e, ao mesmo tempo 12 temas que mereçam figurar numa antologia. E os resultados foram satisfatórios: "Na Baixa do Sapateiro" (Ary Barroso), "Pra Dizer Adeus" (Edu Lobo - Torquato Neto), "Minha " (Francis Hime-Ruy Guerra), "Até Quem Sabe" (João Donato-Lysias Enio), "Amargura" (Radamés Gnatali - Alberto Ribeiro), "Melancolia" (Luiz Eça), "Tico-Tico no Fubá" (Zequinha de Abreu), "Eu e a Brisa" (Johnny Alf), "Olha Maria" (Tom/Vinícius/Chico), "Brejeiro" (Ernesto Nazareth) e "O Sonho" (Ergberto Gismonti). Os biográficos textos de contracapa são de Paulo Tapajós, presidente da Associação de Pesquisadores da Música Popular Brasileira. 5 Ex-integrante do grupo de rock Made In Brasil, Cornelius e mais um cantor da linha andrógina pop tupiniquim. Seu primeiro elepê-solo ("Santa Fé", RCA 103.0178, outubro/76), o traz com arranjos sofisticados e com músicas próprias, infelizmente, com letras em inglês, além de composições de Guilherme Lamounier ("Até que a minha carne vire Osso", "O Meu Barato", "Seres Humanos"). Erasmo Carlos, ex-Tremendão, em busca de nova imagem e novo público, continua empenhando-se para melhorar seus discos. "Banda dos Contentes" (Polydor, 2451079, dezembro/76), o disco mostra menos vaidade do que nos tempos da jovem guarda, incluindo músicas de outros autores como Belchior (que está na moda), Gil, Luiz Melodia, Ruy Maurity - José Jorge. Mas 5 faixas são em parceria com Roberto, é claro: "Filho Único", "Análise Descontraída", "Banda dos Contentes", "Baby" e "Billy Dinamite". E Raul Seixas, com toda sua irreverência e comercial loucura, é mais uma confirmação de que o non-sense agrada a juventude: "Há 10 Mil Anos Atrás", lançado pela Philips há dois meses, está entre os mais vendidos, para alegria do esperto Seixas e seu parceiro Paulo Coelho. 6 Ao lado de supérfluas edições de pop. a WEA tem, justiça seja feita, colocado no Brasil também importantes discos: álbuns de artistas contemporâneos, que aparecem aqui quase que simultaneamente ao seu lançamento nos Estados Unidos. De seu (extenso) catálogo de jazz progressivo, um nome importante é o do guitarrista Pat Martino, gratíssima revelação em "Starbright" (WEA Discos, 16.012, dezembro/76). Nem adianta consultar as jazz' Enciclopédias: o nome de Martino ainda não mereceu nenhum verbete, pela simples razão de que só apareceu nos últimos 3 anos. Mas ouvindo-se as faixas deste elepê produzido por Ed Freeman, com a participação de outros instrumentistas jovens como Gil Goldstein (keyboards), Warren Bernhardt, Michael Maineri (sintetizadores), Will Lee (baixo), Charles Collins, Michael Carvin (bateria), Alyrio Lima Covia (percussão), Marty Quinn (tablas) e Joe D(Onofrio) (violino), entendemos estar perante uma força nova - e muito vigorosa na música contemporânea. 7 A Lançamentos da Continental, selo A B C Record/ Phonodisc: "Eve of Destruction", com Barry McGuire, "Touch" com o grupo vocal Cat-Fish. Da CBS, oi "Summertime", com o MFSB, com uma seleção de músicas Gamble/Huft.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Nenhum
27
06/02/1977

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br