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Aramis

Em todas as rotações... Em todas as direções...

1- Uma boa oportunidade para comparar dois estilos, de uma mesma raiz: a Orquestra Armonial, sob direção do maestro (e violinista cussy de Almeida) no lp "Gavião", terceiro que faz na Continental, com composições de Cussy, Jarbas Maciel, José Tavares de Amorim, Benny Workoff e Guerra Peixe. O Quinteto Armonial ("Aralume", Discos Marcus Pereira), temas próprios ou recolhidos do folclore, por Antônio José Madureira. Os dois grupos o - o quinteto e a orquestra, são do Recife e tem suas origens no Movimento Armorial, idealizado pelos romancistas e teatrólogos Ariano Suassuna. Divergências filosófico-artística-estética provocaram o rompimento de Cussy com Suassuna, que continua ligado ao trabalho do Quinteto. Mas ambos são grupos do maior valor, registrando, de uma forma erudita, temas de raízes brasileiríssimas. 2- Uma espécie de complemento do lp do Quinteto Armorial é o disco "Instrumentos Populares do Nordeste" (Discos Marcus Pereira, MPL 9.346), produção de Antônio José Madureira. Um disco documento de espontâneas manifestações musicais do Nordeste, com instrumentos primitivos (gaita, marcas , pifanos, berimbau - de - lata, tambores, taróis, gonguê, rabeca, sanfona, triângulo, zabumba, pratos, etc.) , que vale como registro de formas puras de manifestação da cultura popular, ameaçadas de desaparecimento. Infelizmente é um LP de difícil comercialização, mas destinado a se tornar obra rara e disputada no futuro. Aproveitem enquanto esta nas lojas. 3- De todos os grupos de música pop do Brasil, o Terço nos parece mais sério e criativo. Há 2 anos, "Criaturas da Noite", foi uma confirmação do talento de Flavio Venturini, Sérgio Hinds e Sérgio Magrão, que haviam feito um primeiro disco na Philips, em 1970. Utilizando com parcimônia e bom gosto os recursos eletro- acústico não se limitam ao simples barulho irritante que caracteriza 99% da produção pop tupiniquim. "Casa Encantada" (Copacabana, Undergraound, COLP, 12074, dezembro/76), confirma a seriedade e o esforço do grupo em apresentar um trabalho de melhor nível. Tanto é que se pode ouvir as 11 faixas deste disco sem ficar com dor de cabeça. Ou com vontade de quebrar o disco. 4- Entre os bateristas brasileiros , Milton Banana está entre os mais conhecidos. Criativo, de boas idéias, vem há mais de 10 anos sendo disputado por vários conjuntos e, apesar de irregularidades profissionais, tem feito muitos discos. Após uma série de lps na Odeon , passou agora para a RCA Victor, onde estréia com "Samba é Isso". Infelizmente a produção lhe entregou mais de 20 sucessos do momento, amontuados de forma desigual e limitando a sua capacidade de improvisação - ele que chega a, jazzisticamente, lembrar Geni Krupa em alguns momentos . Na CBS, há 10 anos, Milton teve chance de fazer o seu melhor LP , num disco que merecia ser reeditado. Infelizmente , "Samba é Isso" não é o melhor de Milton Banana . É apenas um disco comercial. Outro comercial lançamento da RCA : "Batita Diferente" (volume 2), na linha de marketing - sonoro, somando os sambões - jóias que caíram no agrado popular no último trimestre. Vai vender bastante e rápido - inclusive pela capa , com duas sensuais morenas , em trajes sumários - no estilo das capas de LPs de 20 anos passados. 5- O falecimento do violonista e compositor Dilermando Reis (Guaratinguetá, SP - 22 de setembro de 1916 - Rio de Janeiro, 3 de janeiro de 1977), não poderia deixar de motivar reedições de sua obra, ele que gravou mais de 40 LPs. E a Continental, onde há muitos anos Dilermando vinha gravando, reuniu faixas de diferentes lps para "O Melhor de Dilermando Reis" 1- 01- 701- 156, fevereiro/77, um disco recomendável a quem não possui os discos anteriores do instrumentista. A seleção inclui composições próprias - "Noite de Lua" e " Caxinguelê", Ary Barroso ("Terra Seca"), Capiba ("Maria Betânia"), Pixinguinha ("Lamentos", "Carinhoso", "Rosa") e Ernesto Nazareth ("Apanhei-te Cavaquinho"), e Zequinha de Abreu ("Branca"), entre outros. 6- Para não dizer que não falamos dos lançamentos pop, eis o registro do que apareceu nas últimas semanas: a WEA Discos do Brasil, que abastece o jovem e potencialmente rico mercado, colocou nas lojas, mais um alentado suplemento, entre os quais o álbum duplo com a banda J. Geills Band, em registro ao vivo, feito em novembro de 1975, no Cobbo Hall, em Massachussets, e no qual desfila alguns dos maiores sucessos deste grupo fundado há 12 anos, por Jay Geills (guitarra solo), Daniel Kellin (baixo), e Dick "Magic" Sawits (harmônica) e que, ao longo de mais uma década, tem sofrido naturais transformações. A mesma WEA mostrando o novo disco de Bellamy Brothers, que tiveram como último sucesso a "Let Your Love Flow". A CBS, internacionalmente, fazendo curiosas edições: um disco com Uri Geller, que já registramos em nossa coluna diária ("Tablóide") e um novo lp - solo do guitarrista Jeff Beck ("Wired", Epie, 144180, fevereiro/77), ex - Yardbirds ( onde substituía Eric Clapton) e que posteriormente ( 1967) criou o seu próprio grupo, no qual fazia parte Rod Stewart (cantor) , Roy Cook (bateria) , Ron Wood (guitarra base) e Nicky Hopkins (Piano) . A partir de 1963 , Beck passou a gravar lps solos e agora, neste seu disco de 56, as músicas são de Narada Michael Waldem , Wilber Bascomb, Maix Middleton e até um jazzistico tema - "Goodbye Pork Pie Hat" de Charlie Mingus o melhor baixista da história do jazz norte - americano. Pela Odeon, entre outros lançamentos pop , o lp de Richie Havens ("The End off the Beginning") recebido com simpatia por parte da crítica especializada. E a Chantecler, colocou nas lojas, nas últimas semanas um novo lp do grupo Brotherhood of Man e o disco do cantor Joe Dolan ("Crazy Woman "). 7- Mais um brasileiro que busca o sucesso com o pseudônimo americano: Pete Dunaway, pianista brasileiro (cujo nome verdadeiro não me dei ao trabalho de pesquisar), lançado num lp bem promovido da Sigla/ Som Livre: "Fantastic Musical Band". As composições são próprias e, naturalmente, todas com títulos em inglês. A mesma Sigla/ Som Livre, lançando o novo disco do conjunto pop Casa das Máquinas ("Casa de Rock"), grupo formado por seis instrumentistas, bastante populares na faixa do rock tupiniquim. A quem interessa possa. 8- A Continental, hoje bastante ligada ao grupo Silvio Santos, produziu um lp de consumo fácil: "Os Galãs do programa Silvio Santos". A rapaziada que se apresenta no programa do animador (e empresário) de televisão, com comerciais sucessos: Marcos Roberto, o veterano Wilson Miranda, o simpático Gilbert. Celso Ricard, Silvio Brito, Demétrios (da primeira geração do rock brasileiro, que tenta retornar), Deny e Dino e até uma faixa com Belchior ("Todo Sujo de Batom").
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
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06/03/1977

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