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Aramis

Dorival de Ruas ganhou a fama graças ao curta

Quando assumiu a presidência da Fundação Cultural de Curitiba, na administração Maurício Fruet, o advogado Carlos Frederico Marés de Souza procurou formar um bom staff de assessores. Assim, entre outros intelectuais que convidou para auxiliarem em sua administração (que, embora tenha merecido algumas restrições de nossa parte na época, comparada aos desmandos dos dias atuais foi extraordinariamente superior) Marés trouxe um gaúcho que, como ele, havia amargado o exílio político em terras distantes: Tabajara Ruas, agora com 50 anos. Jornalista, escritor, atuante politicamente no Rio Grande do Sul, Tabajara veio para Curitiba unicamente pela amizade com Marés de Souza, para integrar-se em alguns projetos. Infelizmente, sua passagem foi curta mas deixou algumas colaborações importantes. De volta a Porto Alegre, por razões pessoais, ali continua a ter grande atuação na imprensa e literatura, tendo produzido, inclusive, os textos para a quadrinização da Revolução Farroupilha, com ilustrações de Flávio Colim - outro nome respeitável que aqui residiu algum tempo nas positivas administrações de Fruet e Requião na Prefeitura. Há 5 anos, Tabajara Ruas tornou-se ainda mais conhecido nacionalmente quando um de seus mais belos contos, "O Dia em que Dorival Encarou a Guarda" foi transformado num premiadíssimo curta de Jorge Furtado, que posteriormente, seria consagrado com "Ilhas das Flores" e, no ano passado, "Esta Não é a sua Vida", curtas que continuam a representar o Brasil em vários festivais internacionais. Agora, pela atuante L&PM, acaba de ser lançada a 2ª edição do livro de contos "O Amor de Pedro por João" - que em 1982 incluía "O Dia em que Dorival Encarou a Guarda" como um dos 12 contos. Só que como este texto ganhou a projeção nacional, ao ser transposto ao cinema, agora o título passou a destacá-lo em letras vermelhas na bela capa de Caulus. Em 271 páginas, Tabajara mostra seu estilo elegante e direto em ótimos contos, da "Folha da Tarde", que escreveu: "... junta pedaços diversos de vida, de tempos, de lugares, recompondo, pouco a pouco, inteira e completamente, a forma original de uma aventura política e pessoal que tem a grandeza da experiência e o gosto inconfundível que só pode ser dado por um escritor de muito boa qualidade". Já Leda Rita Ferraz, em "Leia", definiu sua linguagem como "exata, densa, coesa, depurada, que ousa levar até o perfeccionismo das frases adjetivas, ou ao encadeamento de frases elípticas em que o essencial vêm expresso por advérbios que se encadeiam, para transmitir não somente idéias, mas também sentimentos em que o personagem está envolvido, ou o clima que o rodeia e freqüentemente o determina. Nesse depurar de frases Tabajara Ruas é mestre".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
09/01/1992

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