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Aramis

Didier Bettega, 43 anos de radiofonia no Paraná

João Lydio Seiller Bettega é um nome umbilicalmente associado ao rádio que se faz em Curitiba há quase 50 anos. Sua presença está presente em algumas das mais bem sucedidas inovações trazidas a radiofonia, o que explica o sucesso de inúmeras iniciativas que tomou - e que fizeram da Ouro Verde, cuja direção geral ocupa há 25 anos, como um exemplo de emissora - hoje diversificado em dois outros prefixos co-irmãos - a 590 (com uma programação popular) e a FM Caiobá (com uma programação jovem). Quando seu pai, Lydio Bettega, hoje aos 86 anos, aposentado (por 10 anos presidiu a Federação das Indústrias e foi um dos líderes dos madeireiros no Paraná) trouxe para casa um paleolítico e enorme aparelho receptor, Didier, então com 5 anos, se apaixonou pela novidade. - "Era um rádio com dial imenso, reproduzindo até um mapa mundi, que se iluminava conforme a emissora captada. Valia como uma lição de geografia", recorda. Dois grandes acontecimentos contribuíram nos anos 30 para a popularidade do rádio: a Copa do Mundo em 1934 e a Guerra Civil Espanhola, ambas com transmissões feitas ao vivo, emocionando o mundo. Curitibano da Rua Westphalen (ex-Rectcliff) - onde hoje existe o Cine São João, mais tarde mudando-se para a Rua Angelo Sampaio - na casa em que reside até hoje, Didier e alguns amigos já faziam, entre 1934/44, as primeiras experiências de transmissões, numa aparelhagem improvisada. - "Acho que foi a primeira rádio pirata do Brasil". Aluno do Colégio Santa Maria, quando os irmãos maristas ali instalaram um serviço de alto falante, foi a sopa sobre o mel: enquanto Osny Bermudes, colega de turma, se apaixonava pela sonoplastia, Didier e alguns amigos que também tinham boa voz - entre os quais Carlos Alberto Moro - começavam a usar todos os momentos de folga nas "transmissões" feitas durante o recreio, como locutores. A Rádio Marumby, que havia sido inaugurada em 1946, quebrando, assim, um monopólio que a Rádio Clube Paranaense conseguia manter há 22 anos (desde que foi inaugurada em julho de 1924), abriu concurso para locutor e Didier foi um dos primeiros inscritos. Nacim Bacila Neto, diretor de programação, o aprovou imediatamente, mas não pode aceitar: a concessão da rádio o obrigava a ter seu estúdio em Ferraria, na divisa do município de Colombo com Curitiba, e isto atrapalharia seus estudos - já que seu pai, não via com bons olhos sua paixão pelo rádio, desejando que ele, como seu filho homem, se integrasse nos negócios da família. Mesmo não sendo contratado como locutor da Marumby, Didier passou a freqüentar seus estúdios - então na travessa Marumby (hoje Tobias de Macedo, em homenagem ao fundador daquele prefixo) e, voluntariamente, a colaborar com um programa chamado "Caleidoscópio", que concorria na mesma faixa do "Sessão das 15", que a Rádio Guairacá - inaugurada há poucos meses e com um esquema profissional - apresentava com sucesso. xxx Contratado, afinal, pela Marumby, Didier ali permaneceria por dois anos, exercendo várias funções - produtor do primeiro programa estilo disc-jockey ("Discomania"), apresentador, locutor telesportivo, etc. No final de 1952, conhecendo a Rádio Emissora Paranaense, luxuosamente instalada no edifício Marisa (Rua Senador Alencar Guimarães), com modernos equipamentos e uma grande discoteca para a época, Bettega mudou de prefixo, mesmo sem nenhuma vantagem adicional. - "Foi uma fase importante, em que a Emissora Paranaense, decidindo a se tornar uma rádio dinâmica, abriu espaço para corajosas experiências". A maior delas foi a transmissão que Didier fez, a bordo de um pequeno avião da Boa Táxi Aéreo, pilotado por Diogo Falce de Macedo, acompanhando uma corrida de automóveis, pela antiga estrada Curitiba-Paranaguá, vencida por Paulo Buso, no tempo de 121 minutos, "um recorde para a época". O sucesso da inédita transmissão foi tamanho que, na próxima corrida promovida pelo Automóvel Clube do Paraná - que tinha Anfrísio Siqueira como principal animador - realizada nas instalações externas da Exposição do Café, a transmissão foi do alto de uma escada Magirus, do Corpo de Bombeiros. Corajosamente, Didier permaneceu o tempo todo no topo da escada, descrevendo as emoções da corrida. LEGENDA FOTO - João Lydio Seiller Bettega em maio de 1953, quando trabalhava na ZYZ-9, a Rádio Emissora Paranaense. Alguns meses depois seria o primeiro locutor a aparecer numa experiência-teste que trouxe a televisão a Curitiba.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
15/07/1990
Gostaria de saber se você é o mesmo Diogo Falce de Macedo, que treinava Judô. Lembra dos nossos treinamentos de Judô na casa do seu avô, parece-me que na época, tinha problemas de visão (cataratas)? Gostaria de entrar em contato.. Um abraço do Altevir Meu e-mail: d2afm@yahoo.com.br
Altevir O texto da reportagem refere-se ao Diogo pai (meu avô), quem treinava judô na casa de madeira era meu pai Diogo . Abraços

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