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Aramis

De clássicos de Connif a salada do Ambient House

Contratado perpétuo da CBS, o veterano Ray Connif, 67 anos, mais de 200 elepês, semestralmente um novo produto na praça, sempre no esquema que garante tranquilas vendagens. Tão certas que a Sigla/Som Livre, dentro da maleabilidade que tem para negociar fonogramas, acertou com a Sony - ex-CBS - a edição de mais uma montagem do popularíssimo maestro, desta vez com extratos de suas incursões pelo lado clássico. Assim, nos diluídos - mas sonoramente agradáveis - arranjos de Mr. Connif temos trechos do balé "O Lago dos Cisnes" de Tchaikowisky, uma improvisação (sic) do "Noturno" de Chopin, a "Serenata" de Schubert e a sempre antológica "Rhapsody in Blue" do mestre Ray Connif. xxx Sarah Dallin, Laren Woodward e Jackie O'Sullivan são as gatinhas deliciosas do Bananarama, um grupo vocal de tanto êxito que já foi citado no Guinnes Book of Records. As meninas estão de volta com um novo LP ("Pop Life", London/Polygram), produzido por Youth, ex-Brilliant, Killing Joke e Yazz, que temperou o som das três gatas com suas baterias, teclados, remixagem, samplers e scratches. O grupo começou em 1983, em Londres, da iniciativa de Siobhan Fathey, que acabaria substituída por Jackie, depois de seu casamento com o Eurythmic Dave Stewart. Neste "Pop Life", as meninas apresentam algumas audácias como "Only Your Love", sampleando guitarras e baticuns dançantes e vocais "woo-woo" vindos diretamente de "Sympathy For The Devil" (Rolling Stones), enquanto "What Colour The Skies Where I Live?" é quase um reggae. xxx Zuchero Fornaciari, o nome mais conhecido atualmente da música pop italiana, surge numa coletânea em que foram reunidas as melhores músicas de seus dois últimos discos - "Blues" e "Oro Incenso & Mirra", justamente as que conquistaram o mundo todo. Amigos dão suas "pequenas ajudas" como Eric Clapton e os sopros de Memphisa Hornas (Wayne Jackson no trompete e Andrew Lowe no sax). Zucchero - que utiliza muito bem a intencionalidade pop, com letras em inglês - tem entre seus parceiros um nome que dispensa apresentações e o credencia mesmo a quem não curte o pop: Ennio Morricone. xxx Já ouviu falar de Ambient House? Para quem não sabe, a Polygram, em seu pacote internacional, traz o The KLF ("The White Room"), explicando que a mistura de uivos, rap, viagens interplanetárias, grãos de areia, Isaac Asimov, amores alienígenas, dance music, afro-tecnologia, Ray Bradbury etc. etc. Tudo começou em janeiro de 1987, quando o múltiplo Bill Drummond, escritor, compositor fundador do grupo Big In Japan, pichador, grafiteiro e produtor dos discos de grupos como Echo & The Bunnyman e Pet Shop Boys, conheceu outro eclético, Jimmy Cauty, nascia aí o projeto KLF - inicialmente um selo - O KLF Comunications e um grupo - The Justified Ancients of Mu Mu - que gravou dois LPs. Em 88, gravaram outro elepê "Doctorin the Tardis"), publicaram o manual ("Como ser o número um da maneira mais fácil") e iniciaram um filme ("The White Room", de Bill Butt), que nunca terminaram. Em 89, adotaram o nome The KLF e fizeram sucessos na Inglaterra, chegando logo aos EUA. Agora, vem a "The White Room", com a Ambient House misturando groovies de dance music e rap, numa salada sonora bem característica do som (sic) que diariamente é imposto internacionalmente. xxx E mais um exemplo de som descartável é a montagem "Festa Mix" (Sigla/Som Livre) que o disc-jockei Marcelo Mansur, mais Sérgio Motta produziram para a Sigla, para consumo imediato, com grupos como Devotion, Xepeche Mode, Monie Love, Black Box, mais Cathy Dennis, Crystal Watters etc. O melhor fica por conta da capa, com a bela modelo Fátima Castro numa insinuante foto de Dario Zallis.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
06/10/1991

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