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Curtas e médias têm garantido seu espaço

Se os seis longas em competição neste 17º Festival de Cinema estão sendo vistos em nove capitais - num projeto inédito de democratização cultural (e ao mesmo tempo uma grande jogada de marketing, para aproveitar a promoção natural que é dada ao cinema brasileiro nesta semana), os curtas e médias que também disputam os troféus Kikito vão demorar para chegar aos circuitos comerciais. Alguns - ao menos os que foram rodados em 16mm - talvez nem cheguem. Já os Super 8, que também têm uma mostra (a 13ª consecutiva), ficam mesmo restritos a este festival e aos circuitos pessoais de seus realizadores. Esdras Rubin, presidente da comissão organizadora do Festival foi quem introduziu o festival de Super 8, há 13 anos passados - quando o movimento nesta bitola era intenso. Hoje, superado pelo vídeo, o Super 8 praticamente desapareceu - embora ainda tenham restado alguns heróis que insistem em trabalhar com estas "cobrinhas" de facílima montagem e que trouxeram, mais uma vez, seus filmes de gêneros e duração variáveis, para a amostragem competitiva que iniciou nesta manhã de terça-feira, no auditório do recém inaugurado Centro Cultural, obra da administração anterior para ampliar os espaços dos eventos paralelos. No domingo, 11, antecedendo ao primeiro longa em competição - "Jardim de Alah", de David Neves - uma espécie de reserva de mercado, que privilegia os realizadores do Estado - competiu "Retrato", de Márcia Lara. Já na categoria nacional, foram apresentados "A Porta Aberta", Rio de Janeiro, de Luísio Abranches e "Nem Tudo que É Sonho Desmancha no Ar", São Paulo, de André Pompéia Storm. Ontem, segundo dia do festival, foi apresentado um dos mais fortes candidatos a levar várias premiações na categoria de curta, 35mm: "Caramujo Flor", de Joel Pizzini, mato-grossense mas com ligações curitibanas (formou-se em comunicação social pela UFPR). Livre criação em torno da obra do poeta mato-grossense, Manoel de Barros, com um elenco all star de mato-grossenses que deram certo (Ney Matogrosso, Almir Sater, Rubens Corrêa, Tetê Espíndola, etc.), "Caramujo Flor", extremamente bem acabado e que já valeu duas premiações a Pizzani no último Festival de Brasília. Foi financiado pelo Bamerindus, que atualmente estuda a viabilização do novo projeto de Joel - um média-metragem documentando o cineasta sueco Arne Suksdorff, que há mais de 15 anos reside em Campo Grande - e que só recentemente voltou a ser notícia, com a exibição, em São Paulo, do seu longa "Uma Fábula", rodado no Rio de Janeiro, em 1962, mas que permanece praticamente inédito no resto do Brasil. Além de "Caramujo Flor", outro interessante curta foi apresentado ontem: "A Mulher do Atirador de Facas", de Nilson Villas-Boas. Na categoria de curtas gaúchos, o concorrente foi "Um Distante Tempo de Amar", de Antônio Carlos Textor e Marco Antônio Freitas. O longa da noite, "1º de Abril, Brasil", de Maria Letícia, estará hoje em exibição no circuito nacional (Curitiba, Lido II, 5 sessões). A programação de hoje inclui os curtas "Signos", do gaúcho Luís Alberto Cabrera; "Trancado por Dentro", São Paulo, de Arthur Fontes e "Memórias de um Anormal", Rio de Janeiro, de Inácio Zatz e Ricardo Dias. Amanhã, quarta-feira, concorrem dois fortes concorrentes: "A Garota das Telas", de Cao Hamburger (já premiado nos festivais de Brasília e FestRio) - filme de animação realizado pelo mesmo diretor do premiadíssimo "Frankenstein Punk" e "O Escurinho do Cinema", do realizador Nelson Nadotti. Como longa da noite, o aguardado "O Grande Mentecapto", de Oswaldo Cadeira, baseado no romance de Fernando Sabino. Que é o autor também da novela "A Faca de Dois Gumes", levado ao cinema por Murilo Salles, e que será exibido quinta-feira. Uma dupla razão para Sabino - que sempre foi um grande fã de cinema - vir a Gramado e acompanhar, com entusiasmo, o festival.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
13/06/1989

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