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Aramis

Coquetel milionário no vernissage de Pancetti

Os que estiveram na vernissage da mostra "José Pancetti - Bahia 5057", na noite de terça-feira, 20, no Museu Guido Viaro, degustaram um coquetel como há muito não se via na cidade. Vinho alemão, scotch legítimo, canapés excelentes, doces finíssimos - tudo com a qualidade que faz a "Ilha do Mehl" liderar o setor de buffets da cidade - foram servidos generosa. e fartamente aos deslumbrados (e privilegiados) convidados. Normalmente, os coquetéis em vernissages são frugais, reduzidos, o que se justifica pela época em que vivemos. Mas como a exposição tem o patrocínio de um dos mais ricos grupos econômicos do País - Banco da Bahia Investimentos S/A - Companhia de Seguros da Bahia/Bahia Corretora de Câmbio e Valores Mobiliários SIA - não houve economia. Ao contrário, um coquetel digno dos melhores tempos. xxx Os quadros que o paulista José Pancetti (Campinas, 18/6/1902-Rio de Janeiro, 10/2/1958) fez entre 1950/1957, pertencentes ao antigo Banco da Bahia e hoje incorporados ao acervo do Banco da Bahia Investimentos, são trabalhos excelentes. A iniciativa da diretoria deste grupo econômico em denocraticamente, levar a mostra a várias Capitais é das mais simpáticas. Reproduções dos trabalhos, vendidos a Cr$ 1.500,00 a unidade - além de um álbum completo, a Cr$ 35 mil - permitem aos interessados conservarem ao menos a imagem dos trabalhos de arte que até o dia 3 de outubro estarão nas paredes do Museu Guido Viaro. Pietro Maria Bardi, diretor do Museu de Arte de São Paulo, no catálogo, diz a respeito de Pancetti: "Observador de aguda penetração, tinha o senso de considerar, resumir, simplificar em suas telas, em cortes de harmonioso realismo, a poética das praias, geralmente solitárias, escolhendo tempos e estações, vegetação e raras figuras, com barcos e velas bem longe: recantos, horizontes, momentos de um Trópico em calmaria. O oceano só o inspirava. Esquivo á excentricidade dos que seguiram as aventuras do Modernismo, operava como dizia, na tarefa de um simples "operário da pintura", para interessar a si mesmo e possíveis apreciadores, sendo Clemente Mariani o mais amigo e incentivador da década mais feliz do marinista, a de 50". xxx Pena que a direção da Fundação Cultural não tenha tido a sensibilidade de marcar a inauguração desta mostra tão importante para uma data que não coincidisse com outra exposição significativa: a de Sueli Piazzetta, que aconteceu na mesma hora, há poucos metros do Museu Guido Viaro - na Galeria Acaiaca. Desde que inaugurou sua galeria , há 8 anos, Jorge Carlos Sade tradicionalizou às terças-feiras como as noites para suas sempre prestigiadas vernissages. Que galerias menores procurem "concorrer" com Sade, se justifica. Mas a Fundação Cultural - e especialmente o Museu Guido Viaro - deverá evitar tais "coincidências", que prejudicam, no final, a todos. xxx Se o milionário coquetel da abertura da mostra de Pancetti fez os convidados (e penetras, como sempre acontece nos eventos da Fundação Cultural) se regalarem com a generosidade dos patrocinadores, a vernissage de Sueli Piazzetta, mesmo sem o mesmo esquema etilico-gastronônico, atraiu também centenas de pessoas. Colecionadores, intelectuais, jornalistas, profissionais liberais, gente inteligente e simpática, que foi abraçar Sueli, com suas coloridas telas dos campos e jardins de Curitiba. O poeta Thiago de Mello, mesmo sen conhecer seus trabalhos - viu apenas slides - fez uma bonita apresentação, no qual, a certa altura, diz: "Projetei-os na luz da manhã amazônica e poderiam as cores inventadas por Sueli misturar-se cantando, contentes, a todos os verdes da Minha Floresta. Enquanto eu me aproximava do seu universo feito de luz e de cor, comecei a sentir aquela alegria que sempre me cresce no peito quando me aproximo da poesia". Antes de fazer um quadro, Sueli Piazzetta escreve una frase, um poema, um pensamento. Enviou alguns destes textos a Thiago de Mello, que assim falou em sua apresentação: "Reli então em voz alta, no coração do silêncio amazônico, um fragmento deste manuscrito de Sueli, que me chegou junto com suas transparências. "Cada momento de um quadro tem que transmitir alegria de viver. Cada cor sai de dentro de mim".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
12
23/09/1983

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