Com cortes, "Cobra" é retirado de cartaz
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de agosto de 1986
A partir de hoje, o ministro da Justiça, Paulo Brossard, não precisa mais se preocupar com a mensagem contida no filme "Stallone/Cobra", que teve várias cenas censuradas. A Warner, distribuidora do filme, decidiu ontem retirá-lo de cartaz em todo o País. Mais de sessenta cópias estão sendo recolhidas nos cinemas.
Filme marcado pelo estrelismo cada vez mais acentuado do ator e produtor Sylvester Stallone, "Cobra" tem a marca da violência. Na fita, o personagem título é um policial que não pensa duas vezes para acabar com os bandidos à sua maneira: matando. A polêmica em torno do filme começou quando um policial de Salvador começou a atirar em pessoas na rua logo após ter saído de um cinema que exibia "Cobra".
Embora a Warner não tenha, até ontem à noite, explicado o motivo do recolhimento das cópias, a atitude foi encarada pelos exibidores como um repúdio à posição do governo brasileiro. "Cobra" vinha alcançando ótimas bilheterias e é o segundo filme que incomoda a censura da Nova República. O Primeiro foi "Je vous salue, Marie", de Jean-Luc Godard, que os brasileiros não puderam assistir.
Em Curitiba, a retirada de "Cobra" de cartaz obrigou o Cine Vitória a programar "Operação Dragão", com Bruce Lee, em seu lugar. Na edição de amanhã, O Estado coloca "Cobra" e a censura em questão no caderno "Almanaque".
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