Cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de fevereiro de 1974
Com um dos mais belos cartazes promocionais, "Louise" é uma das estréias mais otimistas da temporada. Mesmo sendo seu realizador, Philippe De Broca, um cineasta irregular, oscilando nos mais diferentes gêneros e estilo, esta produção distribuída pela Warner Brothers nos devolve a mágica Jeanne Moureau (foto) em momento, ao menos plástico, de grande felicidade. A mulher-mito do cinema francês nos anos 60 (começou na década de 50, mas só a partir de "Eva" e, principalmente, "A Noite" - o primeiro de Losey, o segundo de Antonione - que ela se tornou um nome de primeiro plano junto ao público brasileiro) ressurge em "Louise"- subintitulado de "uma mulher sem medo de amar" - a personalidade fantástica da mulher de meia idade, olhos profundos, presença envolvente na história - transcendendo a realização e mergulhando o espectador num clima quase místico - que no passado, só as grandes estrelas - Greta Garbo, Glória Swanson, conseguiram. Um filme como "Louise" se impõe não como, modestamente, uma obra de Phillippe De Broca, mas sim, basicamente, como um filme "com" Jeanne Moreau - por si só, justificativa maior do espectador mergulhar na sala escura e, olhos presos ao retângulo iluminado, viajar pelas imagens a um outro universo, uma outra realidade - redescobrindo em cada centímetro de Moreau a imagem da grande atriz dos melhores momentos cinematográficos de sua carreira - esquecendo deslizes menores - de policiais-spaghetti até a aventura nos trópicos, cometida por amizade ao amigo Cacá Diegues ("Joana, A Francesa"). Ver Jeanne-Louise é uma obrigação!
Enviar novo comentário