Cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de fevereiro de 1974
A estréia de "O Imperador do Norte" (Cine Vitória) é uma atualíssima oportunidade de conhecer a mais recente fita do vigoroso Robert Aldrich, cineasta de altos e baixos em sua intensa filmografia, mas que tem sempre caracterizado seus trabalhos por idéias liberais e corajosas: há 20 anos, em seu primeiro filme de distribuição comercial, "Veracruz", com Burt Lancaster e Gary Cooper - em interpretações inesquecíveis, analisava e questionava a revolução Mexicana. No mesmo ano, "O Último Bravo" (Apache) era um dos primeiros libelos a colocar o índio como ser humano - e não apenas o "bandido" que ameaçava a "civilização branca". No ano seguinte, três outras corajosas: "O Beijo da Morte" (Kiss Me Deadly), um thrilling excitante; "A Grande Chantagem" (The Big Knife) - denúncia do "tycoons" de Hollywood e o romântico "Folhas Mortas" (Autum Leaves). Mas em 1956, Aldrich faria seu melhor filme: "Morte Sem Glória" (Attack). Um filme tão violentamente antimilitarista, tão crítico a bestialidade da guerra, da denúncia da covardia e incompetência nos altos escalões, que para realizá-lo, teve que adquirir um tanque já que as autoridades se recusaram a apoiá-lo. Em 1961, voltando ao western, realizaria um clássico: "O Último Entardecer" (The Last Sunset), conseguindo o milagre de fazer Rock Hudson ter uma excelente atuação. Nos últimos 12 anos, Aldrich voou em diversos céus - do super-histórico ("Sodoma e Gomorra", 63) ao terror ("O que Aconteceu a Baby Jane" (1963), passando pelo western-comédia ("Os Quatro do Texas", 64), a volta a Hollywood ("A Lenda de Iyla Clare", 1967), a adaptação teatral ("O Assassinato de Irmã Georgia", 68) até chegar a um digno filme de guerra - "Os Doze Condenados" (1967) - com um elenco liderado por Lee Marvin e Ernest Borgnine (foto) - que retornam neste "Emperor os the North", filme de visão obrigatória nesta semana.
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