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Aramis

Cinema

São muitos os pontos comuns entre "Rachel, Rachel"(1968) e "O Preço da Solidão" (1972), separados pelo irregular e desonesto politicamente" Uma Lição Para não Esquecer" (1971): o clima obsessivo de "huis" clos", com uma mulher amargurada - Rachel Cameron em "Rachel, Rachel" ou Beatrice de "the Effect of Gamma Rays on Man-in-the Moon Marigolds". Em ambas, a atuação fascinante de Joanne Woodward (foto), esposa do diretor Paul Newman, e ao lado do qual interpretou mais de uma dezena de bons filmes. Em << Rachel, Rachel >>, a filha do casal, Nell Potts, aparece numa curta sequência, como Rachel na infância, em flash-basck. Em << O Preço da Solidão >>, Nell Potts é o segundo nome do elenco: é a sensível Matilde, na verdade a grande e positiva personagem desta fita de extrema sensibilidade - que valeu a Joanne (foto), o prêmio de << melhor atriz >> no Festival de Cannes do ano passado. O universo de um pequeno mundo - asfixiante e sem maiores perpectivas, é desenvolvido com extrema competência por Newman, homem inteligente que ao longo de sua carreira - iniciada há 20 anos, num calamitoso filme de aventuras (<< O Cálice Sagrado >>, 1954, de Victor Saville) - soube aprender os segredos do bom cinema, trabalhando com cineastas competentes como Robert Wise ("Marcado Pela Sarjeta >>, 1956, seu primeiro sucesso): Martin Ritt (<< O Mercado de Almas >>, 1957); e << O Indomado >>, 1962); Arthur Penn (<< Um de Nós Morrerá >>, 1958); Richard Brooks (<< Gata em Teto de Zinco Quente >>, 1959; << O Doce Pássaro da Juventude >>, 1960), Otto Preminger (<< Exodus >>, 60) Alfred Hitchcook (<< Cortina Rasgada >>, 1965), só para citar alguns exemplos. Nestes movimentados 20 anos de cinema - em que interpretou os mais diferentes personagens, mas sempre com a marca característica do Actor`s Studio, de Kazan-Strasberg (como Brando, Dean e outros), Newman aprendeu que no cinema a simplicidade é um segredo (e uma receita) nem sempre observada pelos cineastas, mas que quando seguida (e aplicada) resulta em obras que atingem os públicos dos mais diversos países. Tanto é que ao decidir fazer seu primeiro filme há 6 anos investindo muito do que ele e Joanne haviam economizado em suadas interpretações escolheu um romance amargo (<< A Jest of God >> de Margaret Laurence), sobre uma certa época na vida de uma professor solteirona numa pequena cidade de Nova Inglaterra, com a solidão agravada pelo rompimento de uma amiga (Estelle Parsons) que revela tendência lésbicas. Em << O Preço da Solidão >>, romântico título dado a peça << The Effect of Gamma Rays on Man in the Monn Marigolds >> de Paul Zindel - já montada na Guanabara volta a tratar de pessoas simples e sozinhas: Beatrice, uma descuidada dona de casa, sempre em seu roupão de banho, numa auto-reclusão em sua casa, habitada por uma velha inquilina e suas duas filhas - Ruth (Roberta, filha do ator Eli Wallach, também oriundos dos Actor`s Studio) e Matilde (Nell Potts) - num pequeno mundo, em que a escola secundária é o aparente ponto de libertação. Tudo contado com muita ternura e amor, num filme emoldurado por suave trilha sonora de Maurice Jarres, com discreta fotografia em cores de Adam Holender e que mereceu sua inclusão entre os 10 melhores lançamentos do ano passado. E que por isto, hoje somente às 20 e 22 horas, estará sendo reprisado no << Festival dos Melhores de 1972 >>, no Cine Scala. Não percam!
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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1
09/03/1974

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