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Carmem e Ademar em biografias de luxo

Dentro de um dos mais ricos filões da indústria editorial - a das biografias, que há anos é explorada exaustivamente pelas maiores editoras dos Estados Unidos e Europa - no Brasil há também um interesse especial por biografias de artistas, realizadores e mesmo produtores ligados ao cinema, música, televisão, artes plásticas etc. Paralelamente a traduções de best-sellers do gênero, editores de maior visão também estão buscando trabalhos originais. Jaime Bernardes, da Nórdica, há alguns anos encomendou à jornalista Regina Echeverrie uma biografia da cantora Elis Regina (1945-1982) que já chegou a sétima edição com mais de 60 mil exemplares vendidos e atualmente a mesma autora prepara "Um Homem Chamado Maria" sobre o jornalista Antônio Maria (Araújo de Morais, 1921-1964), cujos 25 anos de morte foram marcados com a edição de um elepê e de um livro reunindo suas crônicas, produzidos por Hermínio Bello de Carvalho para a Funarte. O editor Luiz Schwarcz, da Companhia das Letras, em novembro do ano passado, anunciou um projeto ainda mais ambicioso: reuniu alguns dos mais competentes jornalistas, contratados com bolsas de dois anos que variam de 2.550 a 3.500 BTNF, com patrocínio de várias empresas (Goodyear, Banco BBA, Banco Manstrut, Grupo Moreira Salles, Banco da Bahia de Investimento e o Banco Icatu), o que possibilitará que em 1991 saiam biografias vigorosas de Nelson Rodrigues (encomendada a Ruy Castro), Oswaldo Aranha (Augusto Nunes), Juscelino Kubitschek (Cláudio Bojunga), Glauber Rocha (Zueni Ventura), Vinícius de Moraes (Sérgio Augusto), D. Pedro II (Roberto Pompeu de Toledo), Euclides da Cunha (Roberto Ventura), além de uma visão panorâmica do "Rio Republicano" (Marcos Sá Corrêa). xxx Anteriormente, na Brasiliense, no período em que fez a editora de Caio Gracco se tornar uma das mais ativas do país, Schwartz já havia encomendado obras para as séries "Tudo é História" e, especialmente "Encanto Radical" (na qual, Paulo Leminski, inclusive, chegou a publicar um ensaio biográfico sobre Jesus). Mas eram livros modestos, sem a abrangência do projeto agora em desenvolvimento. Se cabeças ilustres do jornalismo voltam-se a obras financiadas antecipadamente - e possibilitando, assim, que profissionais possam dedicar parte de seu tempo ao projeto - há também os casos de apaixonados por determinados mitos debrucem-se sobre sua vida e produzam exaustivos ensaios. Assim é que o cirurgião-dentista Abel Cardoso Júnior, residente em Sorocaba, SP, produziu há 6 anos uma vigorosa biografia de Carmem Miranda (1909-1955). Apesar da profundidade de suas pesquisas, não esgotou o tema, tanto é que no ano passado, em luxuosa edição saiu o livro-álbum "Carmem Miranda" (edição encadernada, 250 páginas, belíssimas ilustrações a cores), com texto em inglês em versão de Amos Israel Zezmer e "orelha" de Ricardo Cravo Albin. O autor, Carlos Emmanuel Barsante, passou anos recolhendo material sobre a trajetória da Pequena Notável, de suas origens e sua morte nos EUA, enriquecendo o livro com filmografia, discografia, bibliografia e até os nomes das revistas musicais das quais participou. Outra obra luxuosa e importante para a bibliografia é "Gonzaga Por Ele Mesmo" (edição encadernada e ilustrada, formato 20,5 x 27,5 cm), lançado em 21 de dezembro no Centro Cultural Banco do Brasil, RJ, quando foi exibido "Romance Proibido", 1944, por ele dirigido - em cópia restaurada por sua filha, Alice Gonzaga Assaf, que foi a principal colaboradora de seu pai, e que há 12 anos busca preservar e divulgar a sua obra. Adhemar Gonzaga (1901-1978), jornalista, produtor e diretor de cinema, criou a revista "Cinearte" e fundou a Cinédia, estúdio até hoje em funcionamento (embora atendendo mais a produções de televisão). Além de ter sido parceiro de Paulo Emílio Salles Gomes num básico livro-tese sobre Humberto Mauro, o ciclo de Cataguazes e a importância da "Cinearte", Adhemar mereceu, há dois anos, o livro-álbum "50 anos de Cinédia", organizado por sua filha, Alice, responsável também pela produção (em parceria com Carlos Aquino) de "Gonzaga Por Ele Mesmo", que mostra sua importância dentro do pioneirismo do cinema brasileiro, os filmes produzidos nos anos 30 a 50, os bastidores da revista "Cinearte" etc. - fazendo uma obra indispensável e que embora e um custo elevado merece ser adquirida.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
06/03/1990

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