Carbonar, o nosso homem em Assunção
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de janeiro de 1987
O abacaxi que nasceu com a questão do convite ou não ao presidente Alfredo Stroessner, do Paraguai, para a posse do governador eleito Álvaro Dias, terá alguns espinhos também nas mãos de outro paranaense, chegado há apenas duas semanas em Assunção.
É que o novo embaixador do Brasil naquele país é o curitibano Orlando Soares Carbonar, 55 anos, um dos primeiros paranaenses a fazer carreira diplomática e chegar ao ponto de embaixador.
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Jornalista em sua juventude, quando trabalhou na "Gazeta do Povo", Orlando Carbonar tem grandes amigos na cidade - embora raramente os veja devido sua intensa vida profissional. Já serviu em vários países e seu último posto no Exterior foi o de ministro-chefe da Representação do Brasil junto às Organizações Econômicas Internacionais, em Londres.
Nas promoções do final do ano passado, tinha opções de servir em três diferentes países, mas optou pelo Paraguai, ao que consta, justamente pela proximidade do Paraná.
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Obviamente, até agora a questão do convite (ou não) ao presidente Stroessner não chegou à Embaixada - que ele ocupa, oficialmente, desde o dia 27 de dezembro. Entretanto, respingos sempre sobram nos meios diplomáticos, sempre que há questões delicadas como esta. Afinal, os zelosos cônsules do Paraguai no Paraná devem estar comunicando, diariamente, o affair existente. E as últimas declarações do feroz vereador, José Maria Corrêa, ex-delegado de política e hoje líder do prefeito Roberto Requião, ameaçando repetir manifestações de repúdio "ao ditador Stroessner" já foram devidamente retransmitidas ao presidente (há 32 anos) paraguaio.
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E tudo poderia ter sido evitado, se o governador José Richa não tivesse aberto o precedente, no ano passado, em ter insistido para que Stroessner viesse à posse de seu substituto, João Elísio. O qual, mineiramente, até agora não se pronunciou a respeito.
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