Camerata e Sinfônica do Paraná entre os melhores LPs do Brasil
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de junho de 1991
Nem o maestro Roberto de Regina, nem o advogado Constantino Viaro estarão terça-feira, entre os 2 mil convidados na festa de entrega dos troféus no IV Prêmio Sharp de Música (teatro Dom Pedro I, Hotel Nacional, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, a partir das 20h). Possivelmente, ninguém lembrará os nomes destes dois homens, mas justiça seja feita, deve-se a eles o fato de que pela primeira vez dois discos produzidos no Paraná concorrem no mais importante prêmio já criado no Brasil para a fonografia.
A inclusão dos elepês da Camerata Antiqua de Curitiba e da Orquestra Sinfônica do Paraná como dois dos três indicados (o terceiro é o álbum do quarteto Bressler-Reis, edição Kuarup) ao prêmio Sharp de música - de cujo júri temos a honra de fazer parte há quatro anos - representa , já, uma consagração ao trabalho de músicos paranaenses ou aqui radicados muitos deles atuando simultaneamente nos dois conjuntos.
Se o álbum da Camerata Antiqua de Curitiba que ganhou a indicação (por nossa proposta, referendada pelos 19 outros colegas do júri) foi regido por um outro maestro - e não Roberto de Regina, isto não tira os méritos do grande cravista e pesquisador de música antiga. Isto porque se deve exclusivamente a Roberto de Regina - e a ninguém mais - a criação e sobrevivência da Camerata há 17 anos. Mesmo hoje tendo que dividir a direção do conjunto com outro maestro, o altíssimo nível deste grupo é credenciado aos anos de dedicação que Roberto de Regina lhe dedicou. Um fato reconhecido por todos os seus integrantes - que tem o maior respeito pelo maestro Roberto, e que, coincidentemente, terça-feira, estará regendo a Camerata Antiqua de Curitiba em concerto na Sala Cecília Meirelles.
Já a gravação do primeiro disco a Orquestra Sinfônica do Paraná deve-se aos esforços de Cosntantino Viaro, que desde que assumiu a superintendência do Teatro Guaíra, colocou como uma das metas a produção de um álbum para divulgação de nossos talentos. Enfrentando dificuldades técnicas e operacionais, especialmente na produção coordenada por Romário Borelli, em sua frustrada tentativa de implantar uma gravadora no Paraná (álamo), o álbum "Moderna Música Sinfônica do Paraná" mereceu, no rigoroso juízo dos 20 experts que compõem o órgão que escolhe os premiados da Sharp, sua nominação entre os três melhores trabalhos editados no Brasil em 1990. Trazendo no lado A, a "suite miniatura de ballet" e a "Seresta suburbana" (No espírito popular carioca) de Alceo Bocchino, 72 anos, o próprio regente-titular da Sinfônica do Paraná, o álbum revela ao lado B uma das mais belas obras do padre José Penalva, 58 anos, paulista de Campinas, que 35 anos de Curitiba fizera, "parabenizar-se". Esta peça, em quatro movimentos, teve regência do maestro Oswaldo Colarusso. O disco da Osimpa poderia também ter concorrido na categoria de programção visual, tal a beleza da capa criada pelo mais notável designer do Paraná - e um dos melhores do Brasil - Oswaldo Miranda (Miran).
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Somente terça-feira, à noite, será conhecido qual dos três concorrentes na categoria de música clássica mereceu o prêmio Sharp - um belo troféu e mais US$ 1 mil. De qualquer forma, só a inclusão dos discos da Camerata Antiqua e Sinfônica do Paraná neste ranking, consagra os dois corpos musicais. Palmas aos seus músicos, seus regentes - e muito especialmente a Roberto de Regina - por ter idealizado e mantido a Camerata - e Viaro, por ter sabido prestigiar a Sinfônica, viabilizando a edição de seu disco. Que outros - ainda melhores - sejam produzidos!
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