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Brunetti foi o primeiro homem da "UH" no Paraná

Antônio Brunetti, 62 anos, jornalista da velha guarda, nos telefona para prestar uma informação em relação ao funcionamento da "Última Hora" no Paraná, que abordamos ao comentar o livro de memórias "Minha Razão de Viver - Memórias de um Repórter", de Samuel Wainer (Editora Record, 282 páginas, Cz$ 890,00). Foi Brunetti, profissional dos mais competentes da imprensa paranaense, que implantou a sucursal da "Última Hora" em Curitiba, no ano de 1958 - sete anos após ter nascido o jornal, no Rio de Janeiro (12 de junho de 1951), e seis após o aparecimento da "Última Hora São Paulo" (18 de março de 1952). Embora a edição regional da "Última Hora" no Paraná só começasse a circular a 1º de junho de 1961, com a implantação da sucursal oficialmente dirigida por Michel Khury e Wladimir Araújo, a partir de 1958, Brunetti começou a enviar as primeiras reportagens relacionadas ao Paraná. Pouco a pouco, foi formando uma equipe de bons profissionais - Nacim Bacila, Milton Camargo de Oliveira (já falecido), Fernando Pessoa Ferreira (hoje na imprensa carioca, e que foi superintendente do Teatro Guaíra no início do primeiro governo de Ney Braga), Dino Almeida, Michel Khury e Nuevo Baby, este ainda no jornalismo, hoje o homem forte da equipe de Fábio Campana na Secretaria de Comunicação Social do Governo do Estado. xxx Nas coleções da "Última Hora", no setor de Referência Paranaense da Biblioteca Pública do Paraná, as edições da "UH" paulista, números 2.066 (05/01/1959) a 2.812 (31/06/1961) documentam esta primeira fase da presença do jornal fundado por Samuel Wainer, na cobertura - ainda discreta - de assuntos do Paraná. Entretanto, quando a sucursal aqui foi implantada, a "Última Hora" já estava fortalecida, com edições regionais em outras cidades - Porto Alegre, Niterói, Belo Horizonte e Recife - e havia uma fórmula editorial, uma linha definida da ação que permitia a sua integração aos Estados nos quais chegava, garantindo excelentes tiragens. Antônio Brunetti, paranaense de Jaguariaíva, que em 1942 já atuava na "Folha de São Paulo", e posteriormente foi da equipe de fundadores do "Diário do Paraná" (cujo primeiro número circulou em 29 de março de 1955), foi convidado a implantar o primeiro núcleo de "Última Hora" em Curitiba a convite do jornalista Josimar Moreira, pernambucano, então um dos diretores da "UH" em São Paulo (e que faleceria num acidente de trânsito, há alguns anos). Mais tarde, Brunetti se afastaria do jornalismo diário para, a convite do então eleito governador Ney Braga, implantar a assessoria de imprensa - hoje uma secretaria especial. Curiosamente, Brunetti não havia feito a campanha de Ney em 1960, pois na época, funcionário do Instituto Brasileiro do Café, integrou-se ao grupo que apoiou o então senador Nelson Maculan, candidato do PTB. O primeiro assessor de imprensa de Ney Braga foi o então radialista Norberto Castilho, que se iniciava também na publicidade (hoje próspero dono da Equipe Propaganda). Como recorda Brunetti, "algumas reportagens que fiz sobre o início do governo, especialmente na área econômica, me aproximaram de Ney Braga, que me convidou para coordenar a parte de imprensa". Castilho ficou no setor publicitário e controle de verbas oficiais, o que o levaria, aliás, a ter uma reunião com Samuel Wainer em Foz do Iguaçu - numa das duas únicas vezes em que esteve no Paraná (a outra ocorreu posteriormente, mas foi tão rápida que ninguém se lembra exatamente quando e porque aconteceu). Para a inauguração da sucursal da "Última Hora" em Curitiba - numa das lojas do Edifício Asa, na Rua Voluntários da Pátria (hoje ocupada por uma confeitaria) quem veio foi um dos diretores mais influentes da organização, o engenheiro Luiz Fernando Bocaiúva Cunha, depois deputado Baby Bocaiúva, genro do ministro Simões Filho e neto de Quintino Bocaiúva, célebre abolicionista e republicano. xxx A participação da "Última Hora" na imprensa paranaense - e a reformulação que provocou com seu estilo dinâmico, audacioso e independente, é tema para amplas análises - assim como a sua participação na vida política brasileira, em reflexões que o aparecimento do livro de memórias de Samuel Wainer começam a motivar. Mussa José Assis, 45 anos, diretor de "O Estado do Paraná", e, que entre 1962/1965 integrou a equipe da "Última Hora", inicialmente em Curitiba, depois em São Paulo - ali chegando a secretário de redação - promete para os próximos dias a publicação de um informativo texto, no qual falará de aspectos inéditos relacionados ao tenso período da "Última Hora", em São Paulo, especialmente nos meses que antecederam (e sucederam) ao golpe militar de 1º de abril. Na chefia da redação, com o entusiasmo que sempre o caracterizou como jornalista, Mussa José Assis foi testemunha (e participante) de fatos interessantíssimos, que embora abordados por Samuel Wainer em seu livro de memórias não chegam a ser detalhados.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
19/02/1988

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