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Aramis

Bigg-Wither e o Paraná - II

Com o sentido de observação de bom jornalista, o engenheiro inglês Thoas Plantagenet Bigg-Wither (1845-1890) ao longo das 418 páginas de "Novo Caminho no Brasil Meridional: a Província do Paraná" (Livraria José Olympio Editora/Universidade Federal do Paraná, volume 162 da Coleção Documentos Brasileiros, novembro/74 faz descrições pormenorizadas da vida em 1872/75, quando aqui esteve integrando ma missão de técnicos ingleses. Sua descriçao de Curitiba, a partir da página 49, é um documento precioso para melhor compreensão da vida em nossa cidade há 102 anos. Deixemos a palavra com Bigg-Wither: "No ano de 1872, em que escrevo, a cidade de Curitiba podia ter 9.500 habitantes, dos quais 1.500 eram imigrantes, especialmente alemães e franceses. Ela, portanto, não ocupava grande extensão. As ruas seguiam as mesmas disposições peculiares às das cidades estrangeiras. No centro havia grande praça, com 200 jardas talvez de um lado, achando-se a igreja num dos cantos. Mesmo para esta cidade (Capital de uma província cuja extensão é maior que a da Inglarerra inteira), a arquiteta deste edifício era muito fraca. Somente em tamanho ele era superior aos prédios da circunvizinhança. O presidente da província também morava ali. Sua casa, chamada por cortesia, de palácio, tinha três pavimentos, cômodos, mas de aparência simples. Estava localizada na rua principal e cercda de lojas, dirigidas aparentemente por homens resolutos, que não se limitavam a uma ou mesmo duas espécies de mercadorias, adotando música sistema de negociar inteiramente cosmopolita, para atender da mesma maneira gentil o freguês que viesse comprar um rolo de fumo, como o que quisesse uma jarda de morim. Todas as lojas maiores pareciam ser de propriedade de brasileiros ou portugueses, enquanto a grande maioria das lojas menores estava em mãos de alemães (...) A cidade ficava numa planície aberta, embora, à pequena distância do lado norte, começassem os pinheirais entremeados de pastagens. Para o lado sul, tudo era ma planície aberta de se perder de vista e tanto o lado do ocidente como o do oriente eram de extensas passagens, entrecortadas embora de moitas e matas. A falta de altas agulhas de torres ou de edifícios altos ou mesmo das usuais chaminés dá a Curitiba, vista de longe, aspecto muito diferente do de uma cidade inglesa. Quase que se podia classificá-la de aglomerado de tendas e cabanas, formando o campo de um exército na expectativa de receber ordens de partir para outra localidade. O costume, quase universal, de pintar as casas de branco fortalece esse semelhança".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
26/11/1974

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