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Aramis

Belchior, uma obra com personalidade

BELCHIOR (Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes) cearense de Sobral, 45 anos a serem comemorados no próximo dia 26 de outubro, está entre os mais inteligentes compositores brasileiros. Com formação humanista - foi seminarista, quando aprendeu latim e grego, estudou música desde a infância e uniu as influências nordestinas a sua formação de jovem que, nos anos 60/70 ouviu muita música internacional como programador de uma rádio em Sobral. Interrompeu um curso de medicina, em Fortaleza, quando ligou-se a uma emergente geração de jovens compositores que se reunia na capital cearense - Ednardo, Fagner, Rodger, Teti, Cirano e outros - que, num disco da antiga Continental deixariam registradas suas primeiras composições. Paralelamente ao seu parceiro e amigo Fagner, a partir dos anos 70 deslanchou em sua carreira, especialmente catapultuada [catapultada] em 1971, quando venceu o IV Festival da PMB, com "Hora do Almoço", cantado por Jorge Melo e Jorge Teles, e com o qual ele próprio estreou em disco, em compacto da Copacabana. Alto, bigodes sicilianos, uma voz gutural - como a de Fagner, longe da suavidade dos tempos da Bossa Nova, Belchior surgiria como uma espécie de Bob Dylan tropical e seu primeiro elepê, pela Chantecler (1974), revelaria um compositor de letras imensas, propostas semiconcretistas e muita personalidade. Dois anos antes, Elis Regina já havia colaborado para torná-lo um nome conhecido como "Mucuripe", sua parceria com Fagner - e passados 19 anos, ainda sua obra-prima. Inteligente, organizado, sabendo administrar sua carreira, Belchior impôs o seu estilo. Romântico agreste, com canções que só ele mesmo consegue interpretar - tal a extensão das letras, social e cáustico muitas vezes, seus elepês têm um público certo e seus shows lotam estádios e grandes auditórios. Trabalhando entre o som (quase) pop e uma dose de brasilidade, Belchior - sempre valorizando bons instrumentistas, não pára de viajar. Recentemente o encontramos em Brasília, onde por três noites havia lotado um auditório de mais de mil lugares e no dia seguinte já viajava para Recife, de onde seguiria na mesma noite para São Luís. Seu público é hoje nacional, "curiosamente numa faixa jovem que não conheceu, inclusive, meus primeiros trabalhos" garante Belchior, antes de tudo um autor que assume a interpretação de suas músicas. Reconhece que tem um estilo, uma forma de dizer suas canções - de cantores(as) realmente profissionais, como fez Elis Regina na clássica "Como Nossos Pais". Mas em compensação um standard de seu repertório como "Apenas um rapaz latino americano" não pode ser imaginado na voz de outro intérprete. A Sigla/Som Livre, reuniu estes dois sucessos a nove outras composições que Belchior registrou em discos da Continental, quando ali estava contratado num remake que complementa o repertório da faixa mais jovem, que não possui seus primeiros discos: "Lira dos 20 anos", "Fotografia 3x4", "Galos, noites e quintais", "A Palo Seco", "Paralelas", "Medo de Avião", "Coração Selvagem", "Divina Comédia Humana" e "Comentário a respeito de John" - uma das (várias) homenagens que prestou a um dos ídolos de sua juventude - John Lennon.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
20/10/1991
espero que esse retiro venha contribuir para que volte com lindas canções , as antigas sempre atuais e as novas que iram revolucionar novas gerações. E para quem ainda não conhece uma das mais lindas canções ( medo de avião numero 2) parceria com Gilberto Gil vale a pena pesquisar e conferir.

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