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Aramis

Bass, o menestrel-cassete

Victor Bass, 34 anos, 18 de vida musical, uma espécie de último menestrel da (vazia) noite curitibana, está circulando com new face: cabelos curtos, trajes menos berrantes e montado num reluzente Corcel azul. Adaptando-se aos novos tempos, também industrializou sua música: ao invés dos compactos que vendia, em complemento aos seus improvisados shows, Victor agora aderiu aos minicassetes, a Cr$ 100,00 a unidade - colocando uma dezena de cópias, por noite, junto aos endinheirados fregueses dos restaurantes de Santa Felicidade, Carreteiro, Bebedouro e outras casas. XXX Afirmando que seu repertório já chega a 385 músicas próprias - o que lhe dá o direito de recusar as solicitações, mesmo das mais bonitas admiradoras, de cantar qualquer tema que não seja os de sua autoria. A única exceção é "Paraná Venha Ver", ufanista hino que o pernambucano Natinho dedicou ao Paraná e que está sendo oficializado. No mais, Victor fica a cantar suas músicas, que falam de amor traído, dor-de-cotovelo, moço-pobre-ama-moça-rica etc. Às vezes com refrões fáceis, comunicativos, Victor Bass há mais de 10 anos percorrendo a madrugada curitibana é uma mostra viva das dificuldades de se fazer (e de se viver) música por aqui. Só agora, apelando para os microcassetes, gravados amadoristicamente, mas somente com suas músicas - de forma que ninguém possa o acusar de "pirataria musical" - está conseguindo fazer com que as suas músicas não sejam esquecidas 5 minutos após guardar a viola no saco e partir para outro endereço. Ao menos os turistas estão guardando os cassetes de Victor como lembrança sonora da cidade. As centenas de amigos do bom Lápis (Palminor Rodrigues) estão preocupados com o bom violinista e compositor, internado há uma semana, para delicada operação. Moço de muita sensibilidade mas, como todos os artistas desta terra de poucos recursos, está com dificuldades financeiras e um grupo de colegas, liderados por Celso Locker, o Pirata, já providencia um show de solidariedade, para levantar fundos que cubram as despesas médica-hospitalares. Mas isso é pouco e fica aqui o aviso para todos que admiram e estimam Lápis que está precisando, agora, mais do que elogios e palavras de estímulos. Caberia a Fundação Cultural de Curitiba providenciar a cobertura das despesas hospitalares de Lápis, que afinal não vão representar nem uma sangria no gordo orçamento que a entidade tem para 1978. Afinal Lápis merece, não é Ênio?
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
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01/02/1978

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