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Aramis

Baiano Caldas e boas reedições

O baiano Luiz Fricote foi a revelação da música de verão de Salvador, catipultuando em carnavais passados os chamados ritmos "deboche" e "fricote" com sucesso como "Haja Amor", "Lá Vem o Guarda", "Flor Cigana" e "Classicaxé". Seu primeiro lp ("Magia", selo Nova República) vendeu mais de 300 mil cópias, atingindo também ótimas cifras com seus discos seguintes "Flor Cigana" (86) e "Lá Vem o Guarda" (87), já "Muito Obrigado", no qual reuniu participações especiais como a de Lulu Santos ("Atmosfera e Ar"), Durval Caldas, Armandinho, Dadi e Mu, numa citação saudosista dos tempos da Cor do Som em "Liras de Fogo". Dentro da música de consumo que se produz na Bahia , mas com balanço para fazer escala nacional, Caldas assume seu deboche - a começar pela foto ao melhor estilo gay - cabelos ao estilo Carmen Miranda, brincos imensos, como aparece na capa do disco. xxx Neguinho da Beija Flor é hoje não só o puxador da famosa escola de samba de Nilópolis, mas também um sambista dos mais bem sucedidos, ao ponto de ter a superstar Simone em participação especial na faixa "A Deusa da Passarela", em seu novo elepê ("Festejo", CBS), no qual também há a colaboração de outro bom sambista, Roberto Ribeiro ("Recomeçar", de Wilson Ney) e do grupo Golden Boys em "Poxa Vida". Sambas descontraídos e comunicativos, marcam esta presença de Neguinho da Beija Flor. xxx A Continental entendeu, finalmente, que possui em acervo preciosidades musicais. No passado, João Luiz Ferreti, com sua competência de pesquisador, produziu algumas das melhores reedições dos anos 40/50, quando a fábrica da família Bynghton ainda se chamava Columbia. Mas há também gravações marcantes dos anos 70, que merecem reedições - duas delas saíram recentemente. A mais importante é o álbum do grupo A Barca do Sol, que foi formado num dos últimos festivais e cursos internacionais da música de Curitiba, com influência de Egberto Gismonti - professor naquele evento e que apadrinhou o grupo formado então por Nando Carneiro (com quem Gismonti desenvolve importantes trabalhos até agora), Muri Costa, Jaquinho Morelenbaum, Marcos Stul, Marcelo Costa, Beto Rezende e Marcelo Bernardes. Embora muito jovens na época, esta rapaziada fazia uma música avançada, merecedora até da participação de Gismonti em duas faixas: "Arremesso" e "Alaska". Pelo vanguardismo, os discos da Barca do Sol (chegaram a gravar quatro, lançando também como cantora a excelente Olívia Byngton) foram pouco procurados - mas hoje devem ser melhor apreciados e devidamente valorizados. xxx Em seu programa de reedições, o diretor artístico da Continental, Wilson Souto, incluiu a coleção "Rock Brasil-Anos 70", inaugurado com o elepê do Terço, trio intrumental-vocal formado por Sérgio das Mercês, Vinícius Cantuária e Hinds, hoje em caminhos solos. Para a época da produção deste álbum (1983), O Terço fazia um rock interessante, homenageando Presley ("Rock do Elvis") e trabalhando basicamente com um repertório próprio. Especialmente para quem acompanhou a trajetória de Vinícius Cantuária - hoje um nome de bastante prestígio e com vários lps-solos gravados - estas gravações feitas há 15 anos merecem atenção. Que Souto continue a produzir reedições, pois nos arquivos da Continental encontra-se material interessantíssimo. xxx Peninha (Aroldo Alves Sobrinho) é um cantor que procura reunir todos os elementos capazes de fazê-lo um intérprete popular junto às faixas "b" e "c". Depois de "Sonhos" e "Que Pena" (que foi tema da telenovela "O Astro"), procura tanto no seu visual como nos arranjos e nas letras que canta, passar aquela linha de música de romantismo brega, mas que tanta identificação obtém com imensas faixas de consumidores. Portanto, em seu novo lp (Continental) buscou arranjos de dois especialistas em som de consumo (Lincoln Olivetti/Bozo Barreti) e um repertório "para tocar no rádio" com músicas da dupla Sullivan/Massadas, Lula Barbosa, Thomas Roth, Nando Cordel e outros. Uma participação especial é da afinada Jane Duboc na faixa "Quem eu Quero é Você". LEGENDA FOTO 1 - Caldas: marketing carnavalesco. LEGENDA FOTO 2 - Peninha: para consumo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
16
25/12/1988

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