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Aramis

As Bachianas de Villa-Lobos

Nenhuma dentre as músicas de Villa-Lobos é de tão marcada originalidade quanto as "Bachianas Brasileiras" escreveu o crítico paranaense Andrade Muricy, da Academia Brasileira de Música. Quem não reconhecerá o Brasil sob as alusões pré-clássicas dessas obras? Pergunta Muricy, esclarecendo ele próprio uma resposta: "o fenômeno que elas representam é aliás análogo ao do próprio Bach, que, no "Concerto à Moda Italiana", não pode passar por um Vivaldi ou um Benedetto Marcello, apesar de tê-lo concebido na maneira destes mestres. Quem deixará de perceber no "coral" das "Bachianas Brasileiras" nº 4, o estrídulo percutir do canto da araponga, que alarga até a infinitude a solidão sertaneja?" Apesar da importância da obra de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), reconhecido hoje mundialmente como um dos mais férteis compositores contemporâneos, não é fácil encontrar discos com suas peças no Brasil. Ao contrário, se alguém quiser reunir sua obra completa, forçosamente terá que recorrer aos (caros) álbuns importados, quando, ao contrário, deveria existir todas suas composições, em gravações oficiais, vendidas portanto a preços reduzidos. Mas isso é um sonho impossível, ao menos por enquanto. Por isso é que a Odeon mais uma vez está de parabéns, ao reeditar numa coleção de quatro lps a série "Bachianas Brasileiras", na interpretação da Orquestra Nacional da Radiofusão Francesa, sob a regência do próprio Heitor Villa-Lobos. São quatro lps do maior significado cultural para quem se interessa pela música brasileira. Foram gravadas há mais de 20 anos e periodicamente tem sido editadas pela Odeon. Agora aparecem com o selo Angel, que caracteriza as gravações de música erudita da gravadora do templo e são apresentadas com brasileiríssimas capas, com fotos coloridas de pássaros da Amazônia. Recorremos mais uma vez a explicação do mestre Muricy, para transmitir aos leitores a importância das "Bachianas" de Villa-Lobos: "ele já escrevera muitas de suas obras mais carregadas de sua nota pessoal: os "Choros", a "Prole do Bebê" nº 2, quando ocorreu o seu encontro com o Kantor de Leipzig. Bach? Bem comum da Humanidade, plena e livre propriedade de todos devido à própria magnitude de sua grandeza... Riqueza à disposição de quantos dela se quiserem assenhorear; terra-de-ninguém, terra de todos, estava disso convencido Villa-Lobos; e escreveu: "A música de Bach vem do infinito astral para infiltrar-se na terra como música folclórica (...) O autor das Cirandas", das "Serestas", dos "Choros", caminhou, durante nove grandes obras (1930-1945) em companhia de J.S.Bach: algo de novo e de legítimo na Música de todos os tempos saiu desse reencontro entre o sentido de incomparável monumentabilidade, profunda humanidade, o misticismo do saxão e a humanidade impetuosa e rebelde do brasileiro". Além das nove Bachianas Brasileiras, a coleção da Angel/Odeon, é completada, em seu volume quatro, com apresentação dos "Dois Choros "Bis" para violino e violoncelo, executados por Henri Bronschwak, no violino e Jacques Nelz, no violoncelo. Poucos lançamentos de música erudita brasileira tem tanta brasilidade como esta série. A Odeon presta um grande trabalho a cultura musical brasileira fazendo sua reedição.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
13
15/02/1975
queira por gentileza informar como posso baixar partituras de AS BACHIANAS de Villa Lobos. grato

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