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Aramis

Arte de velhos, grandes e sentimentais bluesmen

Os três álbuns dedicados a bluesmen com o status de solistas também são da pesada. Big Bill Broonzy (William Lee Conley Broonzy, Scot, Mississipi, 26/06/1893 - Chicago, 15/08/1959) criou-se em Arkansas. Só em 1920 começou à tocar blues, procurando um estilo lento, fundindo o rural e o urbano. Seis anos depois já trabalhava com outros nomes marcantes, entre os quais Menphis Slim, Washboard Sam e Cripple Clarence Lofton. O grande produtor John Hammond, o levaria a fazer a série "Spirituals to Swing", concertos que chegaram a ser apresentados na Europa. Em 1955, escreveu sua autobiografia intitulada "Big Bill Blues". Neste belo álbum, com o título de "Good Time Tonight", há 20 gravações do período de 1930/40, em diferentes ocasiões - todas de sua autoria, e acompanhando-se na guitarra, falando de coisas do coração, de amigos e de seu universo numa América violenta, racista e explodindo musicalmente. Lonnie Johnson (Alonzo Johnson, New Orleans, 08/02/1899 - Torongo, 16/60/1970) tocava violão, violino e piano. Irmão de outro músico, James "Steady Roll", em 1917 já se apresentava na Europa. Anos depois, na Okeh Records, fazia gravações com grandes jazzistas como Louis Armstrong e seus Hot Seven (1927), Duke Ellington (1928) e Don Redman. Seria Johnson a fazer um clássico solo de violão numa das primeiras gravações de "Stardust" - faixa que, infelizmente, não entrou na seleção de registros (1925-1932) que constituem este álbum que marca sua bela voz, excelência na guitarra e uma grande inspiração no repertório. Willie Dixon (Vicksburg, Mississipi, 01/07/1915), um dos raros solistas homenageados nesta coleção que ainda vive - merece um álbum especial no qual, ao lado de Leonard Coston (piano) e Ollie Crawford (guitarra), mostra sua categoria como pianista e compositor, em registros feitos entre 1947/52. Dixon mostra especialmente um blues instrumental, bem próximo, muito mesmo, do jazz na linha de um boggie woogie que chega a reluzir, mas sem perder suas origens e que se sente em faixas exclusivamente instrumentais como "Big 3 Stomp", "Since my Baby Gone" e "Etiquete". xxx No universo do blues, muitos instrumentistas se tornaram lendários apesar de deficiências físicas. Dois deles, cegos de nascimento, comparecem com momentos emocionantes: Blind Lemmon Jefferson (1897-1930), cantor e guitarrista, um dos mais influentes bluesmen rurais e extremamente bem sucedido comercialmente. Blind Willie McTell (1898-1959), também cantor e guitarrista e que como Jefferson começou cantando e tocando ainda garoto, nas ruas da Geórgia, foi responsável por momentos fundamentais do gênero nos anos 20. Um destaque feminino é Menphis Minnie (1897-1973), nascida na Lousiania, criada no Mississipi e que consolidaria sua carreira no "Old Chicago" da década de 30. Já Josh White (1915-1969), igualmente cantor e guitarrista, popularizaria o blues em Nova Iorque a partir da década de 30 e, em 1933, gravou o gênero "gospel", num tesouro musical que, esperamos, tenha continuidade.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
28/04/1991

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