Araken e o bombardeio que não houve em 1961
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de junho de 1986
Ao mesmo tempo que está planejando um grande evento para promover nacionalmente os bons artistas plásticos do Paraná, através de uma mostra num dos mais valorizados espaços do Rio de Janeiro, o jornalista Araken Távora ultima as pesquisas para um livro-reportagem destinado a ser um dos best-sellers do próximo semestre: "Operação Piratini", já com edição contratada pela L&PM, de Porto Alegre.
Partindo de algumas revelações que lhe foram feitas por seu amigo, o ex-oficial da FAB e hoje escritor Oswaldo França Júnior (autor de "O Viúvo", entre outros romances), Araken vai contar detalhes de uma operação determinada pelo Estado Maior da Aeronáutica, em agosto de 1961, contra o então governador Leonel Brizola, que seria o bombardeamento do centro de Porto Alegre para destruir o Palácio Piratini - onde se concentrava o "QG" do "Comando da Legalidade", favorável à posse de João Goulart na Presidência da República, vaga com a renúncia de Jânio Quadros.
Um grupo de 12 tenentes - dos quais fazia parte Oswaldo França Júnior - não aceitou a ordem de bombardear o Palácio e graças à sua firmeza se evitou um massacre. Entretanto, a resistência custou caro: três anos depois, com o golpe de 1º de abril, os oficiais foram cassados e perseguidos pelos setores mais radicais da Aeronáutica. Só neste ano, um ato do presidente José Sarney os reintegrou aos quadros da Aeronáutica, com todas as vantagens de promoção e cargos que perderam durante 21 anos em que estiveram afastados do serviço militar.
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Em forma de flash-back, recordando os fatos ocorridos há 25 anos passados - e usando sua precisão de excelente repórter (em 1964, publicou o primeiro livro sobre o golpe de 1º de abril), Araken está produzindo um texto fascinante - base também para um roteiro preciso - que tanto pode servir a uma minissérie de televisão, como a um longa-metragem. O título já está escolhido: "Operação Piratini".
Outro projeto literário que ocupa o tempo de Távora: a síntese do que tem observado nas palestras-debates que tem promovido de bons nomes de nossa literatura com platéias de jovens em universidades de vários Estados, onde tem levado o Projeto Encontro Marcado, patrocinado pela IBM do Brasil. Aliás, o projeto desenvolveu-se de forma tão dinâmica que será aberto agora também para as áreas da música popular e cinema, começando com entrevistas-debates com o cantor-compositor Luiz Cláudio e o cineasta Nelson Pereira dos Santos, respectivamente. Luiz Cláudio, arquiteto e compositor mineiro, com uma obra notável, é entretanto pouco conhecido fora das áreas mais informadas. Já Nelson Pereira dos Santos começa agora a montar seu novo filme, "Jubiabá", baseado no romance de Jorge Amado - possivelmente representante do Brasil no próximo Festival de Veneza, em setembro.
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A propósito, falando em Jorge Amado: dia 2 de julho, data de grandes comemorações na Bahia, será inaugurada a Casa da Cultura Jorge Amado, em Salvador - mesma data em que Zélia Gatai, a esposa do romancista, completa seus 70 anos, ocasião em que a IBM lança oficialmente o belíssimo livro "Jorge Amado/Foto Biografia" (Edições Alumbramento, 190 páginas).
Jorge Amado acaba de adquirir um apartamento em Paris, onde passará longas temporadas. Explicação: lá encontra tempo e sossego para se dedicar a novos livros e o próximo já tem título definido - "Boris, O Vermelho" e nele retoma a literatura política, da qual estava afastado há anos.
Já Fernando Sabino reúne crônicas dos muitos países em que viveu e visitou nestes últimos 40 anos e vai entregar, em quatro semanas, os originais para um novo livro pela Record: "Por Este Mundo de Deus".
LEGENDA FOTO 1 - Araken: revelacões de 1961.
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