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Araken, criatividade em mil rotações por minuto

Araken Távora é um dos mais conhecidos jornalistas brasileiros. Ao longo de mais de três décadas de atividades profissionais passou por redações das mais importantes publicações, fez um histórico programa na FTE ("Os Mágicos") que lhe valeu um Golfinho de Ouro do Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro e, antecipado-se aquilo que se tornaria um modismo na imprensa americana - a publicação de livros-reportagens up to date, também escreveria livros-reportagens com a agilidade do jornal. Assim fez em "Brasil, 1º de Abril" e, mais tarde, quando do sequestro do embaixador americano no Rio de Janeiro. Uma incrível voltagem criativa, sempre com mil projetos na cabeça, Araken tem sido um voluntário - e praticamente a custo zero - auxiliar de alguns dos melhores programas da Secretaria da Cultura. Sua amizade de muitos anos com Álvaro Dias, desde os tempos em que o hoje governador ainda ensaiava os primeiros passos para a disputa de uma vaga na Câmara de Londrina, o tem feito trazer grandes exposições a Curitiba. Primeiro foi o "Eu, Leonardo", da IBM Brasil, cujos contatos conduziu para que em sua monumentabilidade abrissem os salões do Palácio Iguaçu para visitação pública. Agora, organiza uma mostra de arte negra, paralelamente a um ciclo de debates - até agora a única manifestação do Paraná dentro das comemorações dos 100 anos de libertação oficial. Uma das maiores sacações de Araken em termos de projeto cultural foi o Encontro Marcado - título tomado de empréstimo de seu grande amigo Fernando Sabino - que há 5 anos vem possibilitando que os maiores nomes da literatura brasileira contemporânea tenham encontros informais, gostosos, descontraídos com platéias ansiosas de ouvirem os autores de seus livros de cabeceira. Paralelamente aos vídeos sobre os convidados deste programa - totalmente financiado pela IBM Brasil - Araken também vem aproveitando para publicar livros sobre alguns dos participantes do projeto. Mário Quintana, poeta maior, teve suas entrevistas condensadas num delicioso volume - escrito na simplicidade que faz os textos de Araken serem recomendados até para escolares. Agora, está lançando outro livro também sobre um gaúcho - "Encontro Marcado com Luís Fernando Veríssimo - um "cobra" também no Desenho" (42 páginas, edição financiada pela IBM com renda integral em favor da Casa do Hemofílico do Rio de Janeiro). Ilustrado com dezenas de cartuns de Luís Fernando Veríssimo, e intercalado com uma grande entrevista - é um volume de leitura fácil, agradabilíssima, para escalar a relação dos mais vendidos, tão logo tenha uma edição comercial maior, colocada nas livrarias. Araken está agora fazendo o lançamento da obra e, para tanto, aceitou o convite do professor Severino Teixeira, assessor de imprensa da Prefeitura de Londrina e coordenador da I Bienal do Livro (6 a 15 de maio), naquela cidade. Com seu amigo Fernando Gabeira, Araken ali estará no dia 11, não só para autografar o livro mas para discutir cultura e, especialmente, o momento atual na criação artística. Araken tem, aliás, uma profunda ligação com Londrina: há 15 anos, quando ali residia, fazia um programa na TV Tibagi, no qual era tão contundente em suas críticas que o MDB, procurando então algum candidato disposto ao suicídio vôo do Senado, insistiu em que ele disputasse a convenção. Araken, que nunca pensou em cargos eletivos, recusou. Na época pensava em fazer um livro (que acabou não terminando) sobre o pecuarista Celso Garcia Cid. O MDB escolheu um modesto advogado, dono de um shopping-center, Francisco Leite Chaves - até então ilustre desconhecido - que no vendaval oposicionista das eleições de 1974 ganhou facilmente o mandato de Senador. Que teria sido de Araken, se ele não fosse antes de tudo um jornalista que prefere viver duro, mas com a independência dos verdadeiros profissionais da imprensa.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
28/04/1988

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