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Aramis

Apesar do boicote, Shoah continua na semana que tem Vênus e Batman

Se o V FestRio, em novembro do ano passado, teve uma musa ela foi, com certeza, a alemã Sonja Kirchberger. Alta, belíssima e, sobretudo, sensual esta ex-bailarina clássica, que estreou nas telas em "Armadilha para Vênus", desfilando ao lado do (feliz) diretor Robert Van Ackeren, se tornou mira de olhares, de Câmaras de televisão e fotógrafos. Especialmente após o filme ter sido exibido, na parte competitiva, representando a República Federal da Alemanha. Inteiramente rodado em Berlim, principalmente à noite, sobre as indecisões amorosas de um médico, Max (Horst-Gunther Marx), 30 anos, que teme assumir um relacionamento mais definitivo com a bela Coco (Sonja Kieschberger) e se divide entre ela e a suave Maria (Myrian Roussell, vista já em "Te Vous Salue, Marie, de Godard), o filme de Van Ackeren traz cenas de extrema sensualidade - inclusive uma de sexo explícito oral. Por tudo isto, a Art Films importou a produção e está distribuindo-a nacionalmente. Agora, em lançamento no Cine Luz (5 sessões), "Die Venusfalle", é uma oportunidade para se conhecer um novo cineasta alemão, já com 12 longas realizados a partir de 1968, mas até então inédito, nos circuitos comerciais. Numa semana em que "Batman" pousou no Brasil com a maior carga promocional possível (em Curitiba, cines Bristol, Astor e São João, em diferentes horários), o filme de Robert Van Ackeren se constitui na estréia mais auspiciosa. O CASO SHOAH Na segunda-feira, a armadilha para completar o boicote ao documentário "Shoah", lançado obscuramente no Groff, na semana passada, num desrespeito a comunidade israelita que se constituía no público em potencial para este documentário sobre o genocídio da raça judaica, estava já armado. Alegando que apenas 114 espectadores haviam assistido o filme de Claude Lanzmann, a coordenação (sic) de cinema da Fucucu tinha programado a substituição da primeira pela segunda parte do filme. Só graças a denúncia que aqui fizemos na 6ª feira e no domingo - e que repetimos terça-feira última - encampada pelo Sr. Ben-Ami Saltz, produtor e apresentador do programa "A Hora Israelita", na rádio "Marumbi", foi que se decidiu pela manutenção em cartaz do filme. OUTRAS OPÇÕES Como "A Armadilha de Vênus" tem sua ação basicamente em Berlim à noite e "Batman" também é um filme dark, numa escurecida Gothan City, a estréia nacional da semana também teria que ser na linha negra: "Atração Satânica", de Fauzi Mansur - em exibição no Plaza - é um dos piores exemplos de filmes já realizados no Brasil. Concorrente no I Festival de Cinema Brasileiro em Curitiba, foi, sem dúvida, o pior dos filmes em competição. Só mesmo platéias subdesenvolvidas culturalmente podem aceitar esta produção paulista. Como alguns críticos falaram que os cenários de "Batman" lembravam a "Blade Runner", o oportunismo da Fucucu se fez sentir: programou mais uma reprise deste cult-movie de Ridley Scott no Cine Guarani. Independente desta "coincidência", o fato é que Blade Runner, Caçador de Andróides" - um dos mais belos science-fiction dos últimos anos (e já a disposição em vídeo) sempre merece ser visto na tela ampla. No mais, nenhuma novidade: "9 ½ Semanas de Amor", de Adrian Lyne - com a bela Kim Basinger (que é a Vicky Vale, de "Batman"), no auge da sensualidade, ao lado de Mickey Rourke, continua no Cinema I, provando que entre as novidades ao que já se conhece, o público prefere o abacaxi deteriorado. Já visto por quase 4 mil espectadores - o que em termos de filme nacional é um recorde em Curitiba - "Doida Demais", de Sérgio Rezende, 4 Kikitos em Gramado-89, com Vera Fischer meio gordota mas apesar disto muito sensual, amada por Paulo Betti e perseguida pelo ex-amante José Wilker, em andanças no Interior da Bahia (após as primeiras seqüências feitas em ambientes sofisticados do Rio de Janeiro) conseguiu dobrar a semana nos dois cinemas (Lido II e Palace Itália). "Caravaggio", de Derek Jarman, visão muito liberal da vida e amores do pintor renascentista, continua no Ritz. LEGENDA FOTO - "A Armadilha de Vênus": sensualidade alemã na tela do Luz.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
27/10/1989

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