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"Ano Velho" na tela será bem diferente

A temporada de "Feliz Ano Velho" em Curitiba, encerrada domingo, confirmou o que se repetiu em São Paulo, Rio e Porto Alegre: a incrível empatia desta peça com as platéias jovens. A narrativa do jovem Marcelo Rubens Paiva, que em livro já vendeu mais de 20 mil exemplares (40 edições pela Brasiliense), obteve nesta adaptação ao teatro uma comunicação ainda maior - graças a inteligente tratamento de Alcides Nogueira e a direção dinâmica de Paulo Betti. Isto sem falar no esplêndido elenco que com Marcos Frota e Denise Del Vecchio à frente vem colecionando elogios e premiações. xxx Apesar da identificação real do espetáculo e os elogios com que a peça tem obtido nesta carreira de mais de dois anos de sucesso, e uma triste informação: sua adaptação ao cinema, a ser feita por um diretor estreante - Robert Gervitz, de São Paulo - não usará nenhum dos atores e atrizes do grupo Pessoal do Victor e o roteiro modificou radicalmente a história. Os personagens foram mudados, a própria Eunice Paiva - viúva do deputado Rubens Paiva, sequestrado, torturado e assassinado pela repressão militar em janeiro de 1971 - perderá sua identidade. E com isto, a princípio, fica-se a indagar qual será o resultado final desta mudança tão radical num testemunho humano, sincero - e por isto mesmo comovente como é o livro de Marcelo Paiva. Que, entretanto, como autor, autorizou as mudanças em seu texto. xxx "Feliz Ano Velho" foi um dos 10 projetos de cineastas paulistas que obtiveram aprovação da Embrafilme e da atuante Secretaria da Cultura de São Paulo para serem realizadas ainda neste semestre. No concurso preliminar para seleção de roteiros, o trabalho de Sérgio Segall, publicitário e cineasta paulista, há anos radicado em Curitiba (aqui dirige a Denebe, do grupo Nasser) havia sido selecionada. Mas na segunda peneirada, ficou de fora. Dos projetos escolhidos, dois terão prioridade na contratação, por serem considerados "mais rapidamente realizáveis": "Brasa Adormecida", de Djalma Langoni Batista (que estreou no lírico "Asa Branca, Um Sonho Brasileiro", 1981) e "Feliz Ano Velho", de Roberto Gervitz. Entre os demais projetos aprovados na categoria de realizadores estreantes estão "Anjos da Noite", de Wilson Barros, descrevendo uma fantasia que envolve e analisa personagens típicos da noite paulistana e "A História de Vera", de Sérgio Toledo. Os outros projetos aprovados foram "Real Desejo", de Augusto Sevá (diretor de "A Caminho das Índias", inédito em Curitiba; "SP-Zero" de Chico Botelho (cujo longa de estréia, "Janete", teve seqüências rodadas em Piraquara); "Fronteira Oeste" de Hermano Penna (diretor do premiado "Sargento Getúlio"); "Minguilim" de Roberto Santos (baseado no conto de Guimarães Rosa); "As Belas do Billings", antigo projeto de Ozualdo Candeias e "O País dos Tenentes", de João Batista de Andrade.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20/03/1985

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