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Aramis

A ampla discussão para o concurso das bancas

A polêmica está no ar: até que ponto se justifica a decisão da Prefeitura em promover um concurso para escolha de um novo modelo de bancas-de-revista, quando o autor das mesmas, arquiteto Abrão Assad se dispõe a efetuar as alterações necessárias, dentro do respeito profissional que mereceria? O agravante é que a secção do Paraná do Instituto dos Arquitetos do Brasil decidiu avalizar este concurso, o que, pode até ser interpretado contra o artigo 1º de seus Estatutos ("congregar os arquitetos do Estado do Paraná, para a defesa e prestígio da classe e da profissão"). Levantado o assunto há duas semanas, em nossa coluna, houve naturais repercussões. O arquiteto Joel Ramalho Jr., na condição de "organizador do concurso" (ele ocupa a Secretaria de Transportes do Município) distribuiu uma nota xerocada, em papel sem timbre, que, na verdade pouco esclarece - a não ser a repetir o argumento de que a associação dos proprietários de bancas de jornais e revistas estará representada na comissão que vai julgar os projetos. Abrão Assad encaminhou no dia 23 de março ao Sr. Ricardo Pereira, presidente do IAB-PR, carta no qual registra seu "veemente protesto por não ter sido consultado pela URBS - entidade que em 1970 contratou meus serviços profissionais e, portanto, não poderia alegar ignorância do fato - que promoveu um concurso ferindo direitos e arranhando o código de ética". Abrão estranha também que o IAB-PR tenha acobertado o concurso - que "justamente vem arranhar o próprio código de ética". As posições de Abrão serão colocadas demoradamente na longa entrevista que ALMANAQUE publicará em sua edição de domingo. Já a diretoria do IAB-PR demorou para lhe responder - só no início da semana foi que Assad recebeu a carta. E a solução encontrada pelo presidente Ricardo Pereira foi a de empurrar a questão com a barriga: o assunto será discutido numa mesa redonda, no próximo dia 20, nos quais se pretende uma análise da questão dos concursos públicos para obras públicas filosofia da atual gestão do órgão dos arquitetos do Paraná. xxx A questão ultrapassa apenas um concurso de interesse dos profissionais da arquitetura e urbanismo. Afinal, há implicações em relação a própria cidade, pois pelo processo 45/74, inscrição nº 44, a paisagem urbana da rua 15 de Novembro foi tombada pelo Patrimônio Histórico-Artístico, na época em que dirigia o departamento (hoje coordenadoria da Secretaria da Cultura) o arquiteto Sérgio Todeschini Alves. O processo data de 11 de março de 1974 e, na época, teve aprovação unânime dos conselheiros. Portanto, o mobiliário urbano - como as bancas de jornais e revistas, que fazem parte da paisagem da Rua 15 de Novembro, estão tombadas e sua modificação não é tão simples como pretendem os atuais donos do poder municipal. Este, por certo, será um dos pontos que aquecerá as discussões na mesa redonda no próximo dia 20. xxx Abrão Aniz Assad, profissional de curriculum dos mais respeitados, artista plástico, autor de inúmeras obras importantes, está disposto a defender seus direitos autorais até o final. A mesa redonda convocada pelo IAB-PR para o próximo dia 20 será bastante estimulante. Merecedora de uma cobertura especial, por certo, de todos os que se interessam pelas coisas desta Curitiba que pretende ser bela e justa - mas que, na prática, por culpa de alguns dos homens que a administram, nem sempre faz juz a este slogan.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
15/04/1988

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