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Aramis

Alien, a vanguarda visual na galáxia

Está passando desapercebida a reprise de um dos mais criativos science fiction dos últimos anos "Alien, o 8º Passageiro" (Cinema I, ainda hoje e amanhã). Na mesma sala onde teve uma anônima estréia há quase dois anos, retorna este filme inquietante, criativo e que coloca muitas questões fascinantes aos que amam a ficção científica no cinema. Um dos aspectos especiais de "Alien", foi a contribuição que o diretor Ridley Scott (autor de outro filme notável, "Os Duelistas") buscou em dois importantes artistas plásticos – H.R. Giger e Ronald Cobb – para desenvolver um conceito totalmente original de espaço, enquanto o compositor Jerry Goldsmith contribuiu com uma brilhante e inspirada partitura musical – infelizmente inédita no Brasil. As imagens de "Alien" têm uma força especial – o que se deve não só à fotografia tecnicamente correta, como a contribuição do pintor suíço, H.R. Giger, 42 anos, com um estilo único e verdadeiramente notável. As pinturas de Giger têm sido exibidas nas principais galerias de arte da Europa, têm aparecido em posters [largamente] vendidos em encartes de revistas. Elas combinam erotismo, vários tipos de simbolismo, mulheres maravilhosas , mas bastante estilizadas, máquinas, ossos, pássaros, crânios, demônios, desenhos intrincados e primorosos, bebês, sangue, paisagens, cativeiro, miséria e desespero – e, às vezes, de uma beleza terrível mas de uma elegante natureza. Elas pairam à margem de um inferno concuspiscente e quase tridimensional. Elas têm ecos das obras de Hieronymous Bosch, Salvador Dali e Richard Dadd, mas são pura e originalmente produtos de Giger. Em "Alien, o 8º Passageiro", as principais atribuições de Giger foram idealizar o pavoroso alienígena, propriamente dito, a superfície do planeta misterioso e o interior e exterior da estranha espaçonave, que aparenta ter milhares de anos de idade. "Alien" não é um filme linear, de fácil entendimento. Ao contrário, propõe alguns enigmas – quase um puzzle para desafiar o espectador, mas por isto mesmo com recursos mais fascinantes. O roteiro de Dan O´Bannon, baseado em sua própria história, descreve a aventura de sete astronautas (cinco homens e duas mulheres) que, trabalhando num velho rebocador espacial, distantes no tempo e no espaço, quando deparam com um pavoroso monstro, um horror galáctico. Uma estória que, aparentemente poderia ser banal, tem um envolvimento especial em termos de linguagem – o que se deve à técnica empregada por Ridley Scott. A estrutura do filme tem elementos essenciais de vários gêneros cinematográficos, incluindo a SF e o suspense, porém estes estilos se sobrepõem consideravelmente. A intenção foi criar uma narrativa de puro suspense com uma estrutura de planejamento bem elaborado. A produção foi bastante complexa – somente sendo admitidos nos estúdios as pessoas diretamente ligadas à sua realização, como costuma fazer Stanley Kubrick quando está filmando. O resultado foi um filme de impacto, bem recebido pela crítica [,] mas que passou desapercebido junto ao grande público, apesar da 20th Century Fox, quando de seu lançamento nacional (agosto/1980) ter feito um bom trabalho promocional. Com a sua reprise, uma oportunidade de se reapreciar melhor esta proposta de unir a criatividade de um pintor de vanguarda, Giger, a uma estória de terror espacial. No elenco, foram reunidos bons intérpretes – da nova geração- como Tm Skerritt, a bela Simgouney Weaver (vista recentemente em "Testemunha Ocular"), Veronica Cartwrighte Jonh Hurt (antes do sucesso de "O Homem Elefante") Um programa especial, indispensável aos fãs de ficção científica.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
6
23/01/1982

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