Login do usuário

Aramis

Afinal, a volta de Dionne com os amigos talentosos

Estava mesmo na hora. Milhares de pessoas que nos anos 60 tanto curtiram Dionne Warwick interpretanto hits como "Anyone Who Had A Heart", "Walk On By", "Reach Out For Me", "A House Is Not A Home", "Do You Know The Way To San Jose" e, especialmente, "I'll Never Fall In Love Again", e "Alfie" lamentavam, nestes últimos anos, os novos rumos que a excelente intérprete havia dado à sua carreira. Ligada a outros compositores e produtores e discutíveis volteios no gênero pop, a afinada crioula deixava saudades dos tempos em que era a grande intérprete das canções de David Bacharach e Hal David. É bem verdade que David separou-se de seu parceiro e após seu divórcio da atriz Angie Dickinson (as mais belas pernas de Hollywood dos anos 60) encontrou em Carole Bayer Sager não só a sua nova companheira de cama, mas também a parceira precisa. Agora, em seu sétimo lp pela Arista ("Friends", distribuído no Brasil pela RCA), Dionne reencontra o grande Burt Bacharach, produtor, arranjador e autor (com Carole) de quatro das melhores faixas: "That's What Friend Are For", "Stronger Than Before", "How Long?", e "Extravagant Gestures". Fazendo jus ao título do lp - e numa tendência que também existe em alguns superstars do Brasil (Ivan Lins, Chico, Edu, etc.), qual seja a de reunir amigos e dividir faixas, na faixa de abertura, apropriadamente chamada de "That's What Friend Are For", à voz de Dionne juntam-se às de Elton John, Gladys Knight e Stevie Wonder - com quem, aliás, havia comparecido, há 2 anos, na trilha de "A Dama de Vermelho" (igualmente aqui editada pela RCA). A exemplo de tantas outras black-singers, Dionne começou cantando gospels em corais de Igreja e com uma irmã e prima logo formou seu próprio trio - "The Gospelaires", quando ainda estudava no Hartt College Of Music. Burt Bacharach notou sua prodigiosa voz e a fez a grande estrela dos anos 60, gravando dezenas de sucessos, estrelando um musical na Broadway ("Promisses, Promisses") e chegando ao Olympia, em Paris, com auspícios de Marlene Dietrich, de quem Burt havia sido pianista e amante. Numa carreira paralela à de Diane Ross, Dionne Warwick escalou posições, colecionou discos de ouro e foi a primeira cantora nomeada como "Woman In The Year" pelo Hasty Pudding Club de Harvard. Contratada da Warner, durante algum tempo seus discos mostraram uma queda de qualidade nas canções - o que agora, neste sétimo lp que faz para a Arista, reconquista, graças especialmente às presenças de Bacharach, Wonder ("Moments Aren't Moments") e mesmo talentosos parceiros novos, como Roberts/Bronsman ("Whisper In The Dark"), Foster/Gordon ("Love At Second Sight") e Navarro/Bryant ("Remember Your Heart"). Ativíssima profissional - possui sua própria etiqueta, faz projetos especiais para televisão e cinema, participou do "Live Aid" e "USA For Africa" ("We Are The World") - Dionne ainda formou um grupo de caridade - o Bravo (Blood Revolves Around Victorious Optismism), dedicado a pesquisas e tratamento de doenças de sangue. Aos 45 anos, esta americana de East Orange, New Jersey, mostra estar em plena forma, cantando bonito e com um repertório como nos bons tempos. "Friends" mostra que nada como bons amigos para um disco suave e enternecedor.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
23
02/03/1986

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br